Enquanto Atenas e Bruxelas tentam avançar nas negociações sobre o pacote de reformas prometido pelo novo governo de esquerda grego, um gesto do ministro de Finanças da Grécia, Yanis Varoufakis, pode colocar ainda mais pimenta na já desgastada relação entre gregos e alemães. Em um vídeo antigo publicado na internet, o atual ministro discursa e levanta o dedo médio ao se referir à Alemanha. Em maio de 2013, Yanis Varoufakis foi convidado para uma palestra em um evento em Zagreb, na Croácia. À plateia, o então professor na Universidade de Austin proferiu uma palestra sobre o livro que lançara anos antes: O minotauro global: América, Europa e o futuro da economia global. Uma gravação dessa palestra foi transmitida no domingo à noite em um programa de debate político na emissora pública alemã ARD.

No vídeo, Varoufakis critica a austeridade imposta pela União Europeia e apoiada pela Alemanha. "A Grécia deveria simplesmente ter, assim como fez a Argentina, anunciado que não pagaria a zona do euro em janeiro de 2010 e levantado o dedo para a Alemanha." Nesse trecho do vídeo, o atual ministro aparece levantando o dedo médio. "E dizer: bem, vocês agora podem resolver esse problema", completou.
O ministro grego alegou que a versão mostrada no programa foi manipulada.
Negociações. O mal-estar acontece no momento em que o governo grego prepara sua estratégia para o encontro, na segunda-feira, entre o primeiro-ministro Alexis Tsipras e a chanceler alemã, Angela Merkel, em Berlim. O clima é de crescente tensão bilateral por conta das negociações sobre a dívida da Grécia e suas reivindicações históricas.
No centro das conversações estarão os problemas de liquidez do governo grego, que se agravaram depois de o Banco Central Europeu (BCE) deixar de aceitar os bônus gregos como garantia em suas operações de refinanciamento em fevereiro. Agora, os financiamentos só podem ser feitos por meio do Banco da Grécia, com um juro muito mais elevado, de 1,55% ante o 0,05% cobrado pelo BCE.
Tanto Tsipras quanto Varukafis têm reiterado que o pagamento de salários e pensões, bem como as obrigações que mantêm com os credores, estão garantidos, mas não conseguiram garantir o otimismo do mercado. (Com agências internacionais).