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Jornalista e comentarista de economia

Opinião|O varejo eletrônico vai se firmando

Volume de vendas pela internet cresce 7,73% no primeiro semestre de 2022

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Atualização:

Mesmo em meio a uma inflação persistentemente alta que vem corroendo o poder de compra do brasileiro, o comércio eletrônico apresentou resultados positivos no primeiro semestre do ano. Consolida a impressão de que o consumidor brasileiro vem procurando cada vez mais o comércio eletrônico, o que, por sua vez, impõe mudanças ao comportamento do comércio varejista.

O índice MCC-ENET da Câmara Brasileira da Economia Digital, que monitora o desempenho do varejo online do Brasil, aponta crescimento de 7,73% no volume de vendas pela internet em comparação com o mesmo período de 2021. É um resultado animador.

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O número de consumidores brasileiros que fizeram pelo menos uma compra online se manteve estável ao longo do segundo trimestre do ano em relação ao trimestre imediatamente anterior, em 17,5%.

Em maio, a participação do comércio eletrônico nas vendas do varejo restrito, que exclui o comércio de veículos e de materiais de construção, chegou a 11,7%. No mesmo período de 2018, não atingia nem os 5,0%.

No momento mais restritivo da pandemia, a necessidade de isolamento social havia empurrado o consumidor para as compras online, o que obrigou os lojistas a correrem para se adaptar à novidade, que não se restringiu à mudança do canal de compra. Também trouxe importante redução de custos fixos, como redução da área de vendas e de estocagem (e, portanto, também do aluguel) e menor necessidade de contratação de pessoal. A loja passou a ter mais características de showroom do que de área de vendas propriamente dita.

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Mas não dá para deixar de reconhecer certos problemas. Embora as vendas pela internet tenham aumentado na comparação anual, o faturamento e o tíquete médio de compra vêm sofrendo com o impacto do sofrível cenário macroeconômico. No primeiro semestre de 2022 cresceram em comparação com o mesmo semestre do ano passado, respectivamente, 2,9% e 4,4%, abaixo da inflação do período, que foi de 5,49%.

Ainda assim, o cenário para o comércio online parece ser mais satisfatório do que no restante do varejo, que acumula alta de 1,8% no volume de vendas no ano até maio e queda de 0,4% no acumulado em 12 meses, como mostram os dados da Pesquisa Mensal de Comércio do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Foi o primeiro resultado negativo do setor desde setembro de 2017, quando caiu 0,7%.

Gerson Rolim, representante do Comitê de Métricas da Câmara Brasileira da Economia Digital, chama a atenção para outro ponto de tensão: os custos logísticos, que cresceram com a disparada dos preços dos combustíveis.

“A logística é o maior custo do e-commerce, responsável por metade das despesas das operações. As incertezas que envolvem o futuro dos combustíveis tornam o cenário imprevisível. E isso vale não só para o Brasil, vale para o resto do mundo.”/COM PABLO SANTANA

Opinião por Celso Ming

Comentarista de Economia

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