Para Reis Velloso, vencimentos externos pressionam dólar

PUBLICIDADE

Publicidade
Por Agencia Estado
Atualização:

O presidente do Instituto Brasileiro do Mercado de Capitais (Ibmec), o ex-ministro do Planejamento João Paulo dos Reis Velloso, considera que o dólar está subindo hoje, apesar das declarações positivas do secretário do Tesouro americano, Paul O´Neill, porque existe este mês uma grande quantidade de vencimentos externos de empresas brasileiras que não estão sendo renovados e é necessário ter dólares para quitá-los. "A situação só se normaliza depois que for assinado o acordo com o Fundo Monetário Internacional porque aí se pode esperar que as torneiras voltem a ser abertas, que o acordo funcione como uma âncora e que entrem dólares para suprir o mercado e talvez para o Banco Central reduzir essa taxa de câmbio irreal", afirmou. Ele avaliou que o debate entre os quatro principais candidatos à presidência, realizado ontem pela TV Bandeirantes, "mostrou que não há ninguém querendo fazer ruptura, ninguém vai fazer nada fora das regras do jogo porque não querem este tipo de problema se forem presidentes". Reis Velloso citou como exemplo o fato de o candidato do PT, Luiz Inácio Lula da Silva, primeiro colocado nas pesquisas de intenção de voto, ter declarado que o governo deve fazer um acordo com o FMI. O ex-ministro lembrou que os indicadores econômicos brasileiros não mudaram e a atual crise foi criada por expectativas "como uma profecia auto-realizável". Reis Velloso frisou que "o Brasil não está na situação do Uruguai e não está solicitando dinheiro agora aos Estados Unidos". Para ele, a visita de O´Neill é importante para mostrar que está tudo bem com os Estados Unidos em relação a um apoio ao Brasil. Taxa de juros Para o economista do Ibmec, Carlos Thadeu de Freitas, a visita ao Brasil de O´Neill ou mesmo um novo acordo com o FMI serão incapazes de eliminar a pressão sobre o dólar. Segundo ele, a redução da volatilidade da moeda americana no Brasil hoje depende de três variáveis: volta da normalidade dos mercados internacionais; um programa de longo prazo para a economia brasileira e a solução dos problemas no fluxo cambial, com saídas de dólar superiores à entrada de recursos. Thadeu acredita que a elevação dos juros será inevitável caso a pressão sobre o dólar permaneça. "O acordo com o FMI deverá sair e ajudar a conter pressões exageradas sobre a moeda como as da semana passada, mas não será suficiente para conter a alta do dólar", disse Freitas. Para ele, o Banco Central terá que elevar a taxa básica dos juros para aumentar os custos das instituições financeiras, que estão "muito líquidas" e comprando quantidades elevadas de dólar com aposta na valorização da moeda. "A pressão do dólar vai prosseguir até a definição do quadro eleitoral e a melhoria da situação externa", avalia.

Comentários

Os comentários são exclusivos para cadastrados.