Pela primeira vez, um componente eleitoral

Henrique Meirelles pode se candidatar a senador ou a vice-presidente na chapa da ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff

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Por Redação
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Na reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) que ocorre nesta semana, a decisão sobre a taxa básica de juros, a Selic, terá forte componente eleitoral. É provável que o presidente do Banco Central (BC), Henrique Meirelles, deixe o cargo até o fim do mês para concorrer às eleições de outubro. Ele pode disputar o Senado por Goiás ou até ser o vice da chapa da candidata do Partido dos Trabalhadores (PT) à Presidência, Dilma Rousseff.Entre os analistas, há ao menos duas frentes de entendimento sobre qual poderia ser a influência na decisão do Copom de uma saída inédita de um presidente do BC para se candidatar a um cargo político.A primeira é que o Copom pode subir o juro em março para reduzir o peso negativo dessa decisão sobre o novo comando do BC, que assumiria em abril. Além disso, Meirelles, com seu capital político, pavimentaria o caminho da "atuação técnica" de seu substituto.Os dados econômicos recentes criaram uma situação considerada "confortável" para o Copom, caso a opção seja por subir já os juros. Segundo uma fonte, haveria sustentação técnica para a decisão. Todos esses argumentos, porém, não garantem a alta do juro nos próximos dias.A segunda vertente considera que, querendo ganhar votos nas urnas em outubro, Meirelles não subiria os juros para poder dizer que deixou o cargo com a Selic mais baixa da história. Além disso, uma alta de juros mais à frente seria uma oportunidade para o sucessor de Meirelles - provavelmente o diretor de Normas do BC, Alexandre Tombini - demonstrar independência e conquistar credibilidade no mercado financeiro. Como o caminho para a subida dos juros já foi traçado - a questão é só de tempo -, o herdeiro não teria problemas políticos para subir a Selic.Pressão da Fazenda. Outro componente com peso político é a pressão do Ministério da Fazenda pela manutenção da taxa básica de juros. O ministro Guido Mantega e sua equipe têm entrado firmemente no debate sobre política monetária. A tese sustentada por eles é de que a economia brasileira cresce sem provocar pressões inflacionárias. Isso porque, avaliam, ainda há muito espaço para aumentar o nível de produção nas fábricas e atender ao crescente consumo das famílias brasileiras.Embora como tática política a equipe da Fazenda evite dizer explicitamente para o BC não subir os juros, a formatação do discurso tem claramente esse objetivo.Na semana passada, a Fazenda divulgou o boletim "Economia Brasileira em Perspectiva" em que, por diversas vezes, destacou que o País cresce sem pressionar os preços e o IPCA deve fechar o ano "próximo de 4,5% (meta do governo)." O próprio Mantega já disse que a subida da inflação em janeiro e fevereiro decorreu de fatores específicos (como a alta do material escolar e a entressafra do álcool) e o IPCA vai recuar a partir de março.

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