O Produto Interno Bruto (PIB) da agropecuária subiu 0,1% em 2018 ante 2017. Os dados foram divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que anunciou nesta quinta-feira, 28, os resultados das Contas Nacionais Trimestrais. O PIB do País avançou 1,1% no - mesmo resultado de 2017 - e 0,1% no último trimestre.
No quarto trimestre de 2018, o PIB da agropecuária subiu 0,2% contra o terceiro trimestre. Na comparação com o quarto trimestre de 2017, teve alta de 2,4%.
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O coordenador do Núcleo Econômico da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Renato Conchon, afirmou ao Estadão/Broadcast Agro que o crescimento modesto do PIB da agricultura no ano passado é justificado pela alta base de comparação com 2017, quando registrou crescimento de 12,5%.
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"O PIB de 2018 poderia ser melhor, já que estimávamos alta de 0,5%. Mas a base de comparação foi forte e, além disso, 2018 não foi ano maravilhoso, pois teve condições climáticas adversas e 'brindes' como a greve de caminhoneiros e as eleições", disse.
O coordenador do Núcleo Econômico da CNA lembrou que o processo eleitoral trouxe volatilidade para o dólar no segundo semestre do ano passado, época de compra de insumos por parte dos agricultores. "O ambiente econômico não foi um dos melhores", concluiu.
Ele ainda afirmou que a entidade estima alta de 3,5% do PIB da Agropecuária em 2019. Segundo Conchon, a base de comparação com 2018, cuja alta foi apenas 0,1% sobre 2017, é baixa e favorecerá o desempenho do PIB setorial este ano.
Para a consultoria MB Agro, após o leve crescimento em 2018, o setor não deve ter muito a comemorar em 2019. "O indicador veio dentro do esperado. No período, tivemos quebras expressivas nas safras de milho e cana-de-açúcar. O resultado não foi ainda pior porque a produção de soja no ano foi boa", disse José Carlos Vannini Hausknecht, sócio diretor da consultoria.
O executivo acredita que a Operação Carne Fraca e a greve dos caminhoneiros também contribuíram para limitar a produção agropecuária. A primeira porque levou o setor pecuário a reduzir a produção, em virtude de embargos nas exportações. Já a segunda porque restringiu a produção de setores que dependem de cargas vivas ou perecíveis.
"Tivemos uma série de problemas no setor com a paralisação dos caminhoneiros, entre eles, recuo no abate de animais por falta de ração e milhares de litros de leite jogados fora", ressaltou Hausknecht.
A estimativa da consultoria para o PIB da agropecuária neste ano é de queda ou, no máximo, crescimento próximo de zero. "O desempenho do setor tende a ser pior do que no ano passado, principalmente pelo aperto na safra de soja. Será próximo de zero somente se a produção de milho se recuperar e compensar, parcialmente, as perdas da colheita de soja. Caso contrário, será ainda pior", explicou Hausknecht.
A economista da Fundação Getulio Vargas, Luana Miranda, acredita que o desempenho da agropecuária é cíclico e deve voltar a decepcionar em 2019. "Vai ser um ano difícil para a agropecuária, por questões climáticas. Alguns produtos já estão com problemas na safra", aponta.
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