O desempenho sólido em indicadores de atividade no início do ano sugere um crescimento expressivo do Produto Interno Bruto (PIB) no primeiro trimestre, de acordo com economistas consultados pelo Projeções Broadcast. De 45 instituições, 33 esperam alta do PIB maior ou igual a 1% no período. Os dados da atividade econômica nos primeiros três meses do ano serão divulgados na quinta-feira, 2, pelo IBGE.
No primeiro trimestre, o volume de serviços prestados cresceu 1,8% e as vendas do varejo ampliado subiram 2,3%, na margem, segundo o IBGE. A produção industrial teve alta de 0,3%, após quatro quedas seguidas.
Desde a divulgação dos dados de atividade de março pelo IBGE, o mercado viu uma onda de aumentos das projeções para o PIB do primeiro trimestre tomar corpo. Entre os bancos que revisaram as projeções nas últimas semanas estão o UBS BB (0,5% para 1,0%), o Credit Suisse (0,4% para 1,1%) e o Santander Brasil (0,5% para 0,9%).
O economista-chefe da Greenbay Investimentos, Flávio Serrano, prevê expansão de 1,2% do PIB do primeiro trimestre, mesmo número da mediana da pesquisa. "Fomos surpreendidos pelo bom desempenho dos serviços neste início de ano", resume o analista, que espera expansão de 1,1% da atividade do setor, o destaque pela ótica da oferta.
As projeções da Greenbay consideram ainda altas de 0,4% do PIB da indústria e de 0,5% do PIB agropecuário. Pela ótica da demanda, a expectativa é de expansão de 0,8% do consumo das famílias e de 0,5% do consumo do governo, contrabalançadas por uma queda de 0,2% da Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF).
"É interessante notar que, quando se agrega tudo isso, tem uma demanda doméstica que cresce 0,6%, bem abaixo do PIB total. Ou seja, o setor externo vai ter uma contribuição positiva de 0,5 a 0,6 ponto", diz Serrano, que espera alta de 7% das exportações e queda de 3,5% das importações. "Isso mostra que, à frente, talvez esteja faltando um pouco de demanda, apesar dos efeitos positivos do curto prazo."
O economista espera um PIB ainda positivo no segundo trimestre, com alta de 0,3%, devido ao impulso de medidas como a antecipação do décimo terceiro salário de aposentados e pensionistas e a autorização de saques do FGTS. Mas, no segundo semestre, com os impactos da política monetária, a tendência é de quedas da atividade na margem.
A XP Investimentos espera crescimento de 1,4% no PIB do primeiro trimestre, puxado por um avanço de 1,2% em serviços. Segundo o economista Rodolfo Margato, a expansão do setor está atrelada a atividades sensíveis à reabertura econômica, com foco em transporte, armazenagem e correio, outros serviços e comércio, para os quais projeta altas de 3,3%, 2,9% e 2,4%, respectivamente.
“Tivemos uma flexibilização adicional das restrições de mobilidade, como a não obrigatoriedade da máscara em locais de lazer e a volta de grandes eventos sociais e corporativos”, explica Margato, que estima um crescimento de 0,2% da indústria e uma queda de 0,5% da agropecuária.
Sob a ótica da demanda, o economista destaca o consumo das famílias, que deve crescer 1,5%. Ele cita a importância do aumento da massa de renda disponível, que impulsionou o consumo de bens e serviços. Apesar de prever uma queda de 0,3% na FBCF, Margato ressalta que os investimentos permanecem em nível bastante elevado, após expansão de 17,2% em 2021.
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