O Ponto Frio é uma das primeiras grandes varejistas a adotar o pagamento móvel nas lojas. O serviço já está disponível em três unidades e deve ser estendido para outras lojas gradativamente. A novidade faz parte de um projeto de revitalização da marca, que tenta se posicionar como uma varejista inovadora.
O primeiro passo para implementar o serviço foi dar tablets para todos os vendedores - hoje cerca de 20 lojas do Ponto Frio já funcionam assim. Eles usam o dispositivo para consultar o estoque e apresentar mais informações sobre o produto.
A Via Varejo, dona das marcas Ponto Frio e Casas Bahia, desenvolveu um sistema tecnológico próprio para fechar a compra no tablet. O pedido é feito como se fosse uma compra no e-commerce. Na hora de pagar, o cliente insere o cartão em uma máquina da Ingênico, conectada ao tablet via bluetooth. O cliente não passa no caixa, mas o vendedor tem de buscar um cupom fiscal impresso para entregar ao consumidor.
"A emissão do cupom impresso ainda é uma exigência da legislação. Com a adoção da nota fiscal eletrônica, isso não será necessário. O vendedor poderá enviar ao cliente a nota fiscal na hora por e-mail", explica o diretor de tecnologia da empresa, Julio Baiao.
A solução pode levar a mudanças no layout das lojas e até eliminar o espaço do caixa, afirmou o vice-presidente de operações da Via Varejo, Jorge Herzog. "É uma evolução natural, que vai acontecer quando o consumidor tiver confiança no pagamento móvel", explicou.
Para o coordenador do Núcleo de Varejo da ESPM, Ricardo Pastore, a grande evolução no varejo só será plenamente percebida quando as lojas já forem construídas considerando o uso de novas tecnologias. "A loja do futuro terá mais espaço para os produtos e para experiências."
Tendência.
Além da Apple, varejistas estrangeiras como J.C. Penney e Nordstrom estão usando opções de pagamento móvel para eliminar filas. No Brasil, no entanto, são poucas as varejistas que permitem que o cliente faça o pagamento sem passar no caixa.
A primeira a oferecer uma opção de pagamento móvel foi a gaúcha Paquetá, que fez um projeto piloto em 2013. Hoje há outras iniciativas em curso, como uma parceria entre o Suplicy Café e o PayPal, na qual o pagamento é feito no celular do cliente.
A Paquetá usou um dispositivo móvel acoplado no celular dos vendedores para fazer os pagamentos. "Tivemos diversos problemas na época. O maior deles foi que os adquirentes (donos das maquininhas) ainda não tinham soluções homologadas pelas bandeiras de cartão. Então, não dava para aceitar Visa ou Mastercard, só o cartão da nossa loja", lembra o diretor da Paquetá, Marcos Ravazzolli.
A empresa suspendeu o projeto, mas pretende relançar a solução nas lojas nos próximos meses. Desta vez, a companhia vai testar um sistema em que o vendedor pedirá o produto pelo celular e um funcionário que estará no estoque vai receber uma notificação para separar o produto, diz Ravazzolli. "O vendedor ficará mais tempo com o cliente. Queremos melhorar a experiência na loja."
Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.