Depois de diversas negociações de venda que não vingaram e de estudar a possibilidade de abrir o capital na Bolsa, a Positivo Educacional, tradicional grupo de ensino do Paraná, decidiu investir na expansão de sua rede de escolas e avançar em outros Estados. Na semana passada, comprou três escolas no interior do Paraná por cerca de R$ 90 milhões e, agora, se prepara para investir mais R$ 200 milhões em outras aquisições nos próximos 12 meses.
O presidente da Positivo Educacional, Lucas Guimarães, afirma que a prioridade agora é fortalecer o posicionamento no segmento de educação básica. Fontes do mercado, porém, apostam que a expansão é uma estratégia para a Positivo ganhar musculatura e conseguir um valor melhor para uma venda de sua operação mais adiante. A companhia tem seis famílias como sócias e hoje é administrada pelos filhos dos fundadores, o que tem dificultado a gestão. Mas Lucas garante que não há intenção de venda. “Se estamos investindo, adquirindo, não está na nossa cabeça sair vendendo”, afirma.
Nos últimos anos, foram várias as conversas envolvendo a venda dos colégios da Positivo. Primeiro, o grupo tentou repassar toda a rede – que inclui unidades de educação infantil, básica e uma universidade – em um pacote só. A dificuldade de encontrar um operador que se interessasse por tudo levou a Positivo a negociar os colégios separadamente, mas divergências em relação ao preço inviabilizaram essa possibilidade.
Guimarães diz que a companhia nunca esteve procurando comprador. “Por ser um grupo de sócios minoritários, sempre conversamos com investidores interessados, qualificados. Isso acabou gerando ruído.”
Segundo o consultor da área de educação Willian Klein, sócio da Hoper Educação, há hoje quase duas dezenas de grandes grupos ou fundos de investimento procurando escolas para comprar no Brasil, mas, assim como no caso da Positivo, muitos negócios não são fechados por falta de acordo no preço. Klein diz acreditar que o processo de expansão da Positivo deve durar de três a cinco anos. “Aí, se for interessante, eles podem vender (a rede).”
Segundo uma fonte que analisou a possibilidade de compra alguns anos atrás, a empresa é sólida financeiramente e tem um nível de endividamento muito baixo: “São empresários ‘old style’. Investem só com capital próprio e não têm dívidas com bancos”.Em maio, a Positivo vendeu seu sistema de ensino para a Arco Educação por R$ 1,65 bilhão – operação que ainda precisa do aval do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade).
Guimarães afirma que o negócio fez com que o grupo desistisse do IPO (oferta inicial de ações, na sigla em inglês). “Agora não temos mais porte para entrar na Bolsa. (A decisão pela venda) veio para dar liquidez aos sócios e porque o mercado de sistemas de ensino tem menos potencial de crescimento.”
Guimarães não conta com o capital da venda do sistema de ensino para fazer a expansão de sua rede de escolar. Ele diz que tem procurado colégios cujas marcas são reconhecidas em suas regiões de atuação. A ideia é avançar no Sudeste e Centro-Oeste. “Vemos a oportunidade de agregar valor a escolas que precisam melhorar a gestão. Muitas foram fundadas por famílias nos anos 1970 e enfrentam agora problemas sucessórios”, diz o empresário, filho de Oriovisto Guimarães, fundador da Positivo Educacional e hoje senador pelo Podemos.
Oriovisto começou o grupo quando era estudante de Economia na Universidade Federal do Paraná, dando aulas particulares de matemática e física em cursinhos pré-vestibulares.
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