Depois de subirem mais de 5% em dezembro, as commodities produzidas pelo Brasil deram mais um salto em janeiro. O Índice de Commodities do Banco Central composto (IC-Br), que calcula a variação em real dos produtos primários brasileiros que têm negociação no exterior, teve alta de 4,05% em janeiro, atingindo 158,25 pontos (o indicador é calculado em uma base 100). No acumulado dos últimos 12 meses, o IC-BR teve alta de 33,6%.O destaque foi o segmento agropecuário, com alta de 4,4% em janeiro. Em 12 meses, esse indicador registra avanço de 47,96%. O IC-BR de metais subiu 3,52% no mês passado e 19,11% em 12 meses. O IC-BR de energia avançou 3,40% em janeiro, com elevação de 12,47%nos últimos 12 meses.O economista-chefe do banco BBM, Tomás Brisola, explicou que a alta das commodities não foi totalmente repassada para o varejo e, por isso, é um fator a mais de pressão no Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que baliza a política monetária brasileira. "Creio que ainda há um efeito por vir", disse Brisola. Ele destacou que o impacto das commodities se dá em um ambiente de economia aquecida e mercado de trabalho apertado. "As commodities são um obstáculo a mais para a queda da inflação", disse Brisola, que projeta que o IPCA em 2011 ficará próximo de 6,5%, o teto da meta inflacionária. Para a analista de inflação do Itaú Unibanco Laura Haralyi boa parte da alta das commodities já foi incorporada ao IPCA e o cenário é de que esses preços fiquem em estabilidade neste ano. Ela destaca que o principal componente que puxou para cima as commodities foi o segmento de agropecuária, que também deverá se acomodar neste ano, a não ser que haja uma surpresa climática. Mesmo que as commodities confirmem o cenário do Itaú de variação próxima de zero neste ano, a avaliação é de que os preços devem seguir elevados. Ou seja, a inflação pode não ter tanta pressão, já que ela por definição é calculada pela variação de preços, mas o peso no bolso do brasileiro dos elevados preços desses produtos continuará sendo sentido.