Presidente do BCE sinaliza compra de bônus

Draghi também disse que a inflação na zona do euro deve diminuir neste ano 

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Por Renan Carreira e da Agência Estado
Atualização:

FRANKFURT - O presidente do Banco Central Europeu, Mario Draghi, afirmou que a diretoria do BCE discutiu as opções de políticas para enfrentar os problemas no processo de formação de preços nos mercados de bônus dos países da zona do euro, mas destacou que as autoridades da zona do euro precisam "estar prontas para ativar a Linha de Estabilidade Financeira Europeia (EFSF, na sigla em inglês) e o Mecanismo de Estabilidade Europeu (ESM, na sigla em inglês) no mercado de bônus quando circunstâncias excepcionais nos mercados financeiros e os riscos à estabilidade financeira existirem".

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Sem anunciar claramente o retorno do BCE ao mercado secundário de bônus, Draghi foi enfático ao defender a ação da instituição dentro do mandato do banco central. "Não há razão para ser específico sobre mais medidas extraordinárias. Comitês relevantes devem examinar outras medidas extraordinárias". Segundo ele, a declaração sobre compra de bônus, contida no comunicado do BCE, não foi uma decisão, "e sim uma orientação".

Ele afirmou que o BCE pode realizar operações no mercado aberto dentro de seu mandato e que a diretoria pode considerar tomar novas medidas extraordinárias, mas disse que "os governos precisam se voltar para a EFSF". "O BCE não pode substituir os governos e as ações de outras instituições", alertou o presidente do BCE. Segundo ele, o BCE não discutiu a situação de países específicos.

Inflação

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Draghi disse ainda que as principais taxas de juro do BCE se mantiveram inalteradas, após um corte de 25 pontos-base em julho. "Como dissemos um mês atrás, a inflação deve diminuir ao longo de 2012 e ficar abaixo de 2% novamente em 2013."

O chefe do BCE afirmou que o ritmo subjacente da expansão monetária permanece contido. As expectativas de inflação para a economia da zona do euro continuam a estar firmemente ancoradas em linha com o objetivo de manter as taxas de inflação abaixo - mas perto de - 2% no médio prazo.

Segundo o presidente do BCE, o crescimento econômico na zona do euro segue fraco, com tensões em curso nos mercados financeiros e elevada incerteza pesando sobre a confiança e o sentimento.

Ajuste fiscal

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Para Draghi, os esforços de ajuste fiscal dos governos da zona do euro precisam ser mantidos. Ele destacou que prêmios de risco excepcionalmente altos estão sendo vistos nos bônus de vários países e que a fragmentação financeira prejudica a efetividade da política monetária do BCE. "Os prêmios de risco que são relacionados aos receios sobre a reversibilidade do euro são inaceitáveis e precisam ser tratados de maneira fundamental. O euro é irreversível." Segundo a autoridade, para criar as condições básicas para que o risco desapareça, os formadores de política da zona do euro precisam seguir adiante com a consolidação fiscal, as reformas estruturais e a criação de instituições europeias com uma determinação firme. Sobre as grandes expectativas que os mercados haviam depositado na decisão de hoje do BCE  (que manteve a taxa básica de juros em 0,75%), Draghi argumentou que nenhuma de suas palavras em Londres na semana passada surpreenderam seus colegas e que na ocasião ele não fez referência à compra de bônus. Em um evento na quinta-feira passada Draghi disse que o BCE faria tudo que fosse possível para preservar o euro, o que alimentou esperanças de que novas medidas de estímulo econômico fossem anunciadas hoje. "Está dentro do nosso mandato fazer tudo possível para preservar o euro", afirmou Draghi na entrevista hoje. "Mas as compras de bônus pelo BCE só começarão quando os governos cumprirem as condições necessárias", acrescentou, indicando que novas medidas só serão tomadas se os governos da zona do euro agirem primeiro. As informações são da Dow Jones.

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