Os diretores eleitos da Previ, o fundo de previdência privada dos funcionários do Banco do Brasil acusaram hoje o governo de premeditar a intervenção na entidade, o maior fundo de pensão do País. "Eles vão encontrar um motivo", afirmou o diretor de Seguridade, Henrique Pizzolato. Ele e os demais diretores eleitos do fundo - Sérgio Rosa, de Participações e Érick Persson, de Planejamento - participaram de um ato em defesa da Previ na Câmara dos Deputados. A decisão do governo com relação ao fundo deve ocorrer até quinta-feira. No dia 30 de maio vence o prazo, estipulado em lei, para a adequação dos estatutos e eleição dos representantes dos participantes nos fundos de pensão patrocinados pelo setor público. O ministro da Previdência Social, José Cechin, já avisou que a lei deve ser cumprida e que vai adotar as medidas necessárias para isso, não descartando a intervenção na entidade. Na presença de vários representantes de sindicatos de bancários e de parlamentares, os diretores da Previ prometeram lutar contra a medida. Pizzolato admitiu que o governo pode usar como pretexto o fato de a Previ não ter adequado o estatuto ao que determina a lei, ou seja, a paridade no Conselho Deliberativo e o direito de voto de minerva do presidente da entidade. Segundo ele, a diretoria eleita da Previ apresentou, na quinta-feira passada, uma proposta de alteração do estatuto de forma a cumprir a lei. "Os representantes do BB saíram às pressas da reunião, sem assinar a ata", disse. Pizzolato explicou que a mudança proposta adapta o número de conselheiros, mandatos, competências e demais requisitos, deixando de fora apenas o voto de qualidade, a ser concedido ao representante do BB, com o qual os representantes eleitos não concordam. O ato em defesa da Previ foi uma tentativa de demonstração de força da entidade. Os sindicatos dos bancários de Brasília, São Paulo e Rio de Janeiro estavam presentes, assim como o deputado Ricardo Berzoini (PT-SP). O evento contou também com o apoio da Associação Nacional dos Participantes de Fundos de Pensão (Anapar). Os diretores eleitos da Previ deixaram claro que contam com essas entidades para levar a questão da intervenção à Justiça. "Vamos procurar a Justiça e lutar pela manutenção dos interesses da Previ e dos seus associados", afirmou Pizzolato. Ele e Sérgio Rosa acusaram o governo de querer fragilizar os fundos de pensão fechados, forçando a migração dos recursos dos trabalhadores para os fundos abertos. "O governo tem a intenção de transformar a seguridade num negócio e a gestão paritária da Previ, sem o voto de qualidade para o representante do Banco do Brasil, atrapalha isso", afirmaram. Danos Cechin e o secretário de Previdência Complementar, José Roberto Savóia, foram duramente criticados. Pizzolato e Sérgio Rosa disseram que o ministro e o secretário estão causando danos à entidade com as sucessivas ameaças de intervenção e declarações sobre a situação atuarial da Previ. "A autoridade confunde déficit técnico e déficit atuarial", disse Rosa. "O que provocou o déficit técnico e conjuntural da Previ foi o diretor fiscal nomeado pela própria Secretaria, que determinou que o superávit apurado no passado ficasse numa conta à parte, sem poder ser utilizado", disse Rosa. Os diretores da Previ explicaram que o déficit apurado em 2001, de cerca de R$ 2 1 bilhão, decorreu de perdas no mercado acionário, que serão recuperadas ao longo do tempo.