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Nova deflação de alimentos surpreende

Comida fica 0,25% mais barata no IPCA-15, que registra taxa de 0,32%; nesta época do ano, normalmente, preço dos alimentos tende a subir

Por Daniela Amorim (Broadcast) e Maria Regina Silva

RIO E SÃO PAULO – Uma nova rodada de reduções nos preços dos alimentos deve ajudar a compensar a pressão de preços monitorados sobre os indicadores de inflação no País neste fim de 2017. No IPCA-15 de novembro, prévia do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), divulgado ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), os alimentos ficaram 0,25% mais baratos, embora, no geral, o indicador tenha subido 0,32%. 

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Os produtos alimentícios ficam tradicionalmente mais caros nesta época do ano, por causa da demanda maior e das alterações climáticas específicas do período. Só que este ano as coisas estão diferentes. Sem choques de oferta, os preços mantiveram a trajetória de queda iniciada meses atrás com a safra recorde de grãos.

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Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo-15 (IPCA-15) foi divulgado nesta sexta-feira, 23, pelo Índice Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) Foto: Maira Vieira/Estadão

“Alimentação está voltando a surpreender positivamente. Ainda reflete a safra recorde, o clima favorável e um consumidor ainda reticente em gastar, já que o desemprego segue elevado, apesar dos sinais de melhora. Há indicadores mostrando retomada da atividade, mas nem tanto do consumo”, explicou o coordenador do Índice de Preços ao Consumido (IPC) da Fipe, André Chagas.

Com o alívio nos alimentos, economistas não descartam a possibilidade de que o item “alimentação no domicílio” registre a sétima deflação consecutiva no IPCA de novembro. “Se não fosse o comportamento dos alimentos, a estimativa para inflação (de 2017) seria de 3,5%, agora, deve ficar perto de 3%”, disse o economista Luiz Roberto Cunha, decano do Centro de Ciências Sociais (CCS) da PUC-Rio: “Talvez o Banco Central tenha de escrever a carta explicando a diferença.”

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Carta. Cunha se referia à justificativa que o BC poderá ter de fazer ao ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, caso o IPCA feche o ano abaixo do piso de 3%, limite mínimo da meta de inflação.

Em outubro, o anúncio de reajustes na conta de luz levou economistas a apostarem menos num IPCA abaixo de 3,0% este ano. De fato, no IPCA-15 de novembro, metade da alta de 0,32% foi decorrente do aumento de 4,42% na energia elétrica. Gasolina e gás de botijão, que têm sido reajustados pela Petrobrás, também chegaram mais caros ao consumidor.

Foi aí que os alimentos ajudaram a conter a inflação. Em 12 meses, esse grupo acumula queda de 2,31% no IPCA-15 até novembro. A alimentação consumida dentro de casa teve uma redução de 0,45% no mês e, em 12 meses, recua 5,27%. 

“Há vários itens com queda de preços, enquanto há outros que estão desacelerando o ritmo de alta. Houve um choque positivo muito importante, e a história é que continua surpreendendo para baixo”, disse o coordenador do IPC-S da FGV, Paulo Picchetti.

No IPC-Fipe da segunda quadrissemana, oito entre os dez itens com maior contribuição negativa para o indicador integram o grupo Alimentação. “Todas as proteínas de origem animal, com exceção do frango, estão recuando”, afirmou Chagas, coordenador do IPC-Fipe.

Até o IPCA de outubro, o segmento de alimentos no domicílio acumulava uma redução de preços de 5,06% em 12 meses. O desempenho está bem aquém do observado em 2016, quando fechou com alta de 9,36%.

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