Neste 4 de agosto, foi o centenário de nascimento do meu querido pai, professor Og Leme. Portanto, aproveito a oportunidade para homenageá-lo.
Há duas maneiras de fazê-lo: sintetizar as suas contribuições ao desenvolvimento do pensamento econômico e do liberalismo no Brasil ou dar um toque mais pessoal, falando sobre o meu aprendizado e a gratidão ao grande professor. Como eu não tenho o seu dom literário, optei pela segunda abordagem.
Economista da Escola de Chicago, sociólogo e advogado, o Og era uma pessoa muito especial: brilhante, culto, estudioso, ético e um grande orador – um professor. O ensino era a sua vocação, não só lecionando, mas como mentor. Sempre foi muito generoso e dedicado aos seus alunos e amigos.
Tive o privilégio de ter sido seu “aluno-sombra”: desde pequeno, ele me levava ao trabalho, palestras e reuniões informais entre os grandes economistas da sua e de futuras gerações do Brasil.
Como meu pai, virei professor, e minha tarefa é orientar os alunos a resolver os problemas reais
Paulo Leme
Portanto, não deveria causar nenhuma surpresa que, depois de me aposentar de Wall Street, o aluno tenha virado professor. Daqui a duas semanas, iniciarei com muito entusiasmo o meu quinto ano lecionando finanças na Universidade de Miami.
Vários amigos no mercado financeiro me perguntam o porquê de ter virado professor. A resposta é simples: compartilhar com as futuras gerações o conhecimento teórico e prático que recebi, ao longo da minha carreira, dos meus amigos e colegas na fronteira do conhecimento da economia e finanças.
A minha tarefa é empoderar os alunos com a capacidade analítica e o ferramental teórico para resolver problemas financeiros do mundo real. Ajudo alunos e alunas a adquirir a confiança para filtrar o ruído ao redor da conjuntura macro e financeira mundial; construir hipóteses; traçar cenários; prever o comportamento das principais variáveis financeiras e destilar isto tudo na “visão do gestor” e nas decisões de investimento.
A minha segunda missão é ser mentor, explicando como funcionam as engrenagens do mercado financeiro; ajudando-os a encontrar o seu nicho na indústria; preparando-os para entrevistas e conectando-os com oportunidades concretas no mercado. Como aprendi com o Og, não há nada mais gratificante do que ajudá-los a encontrar o seu caminho no mercado financeiro e de ver como os seus olhos brilham com o conhecimento e ideias.
É um espetáculo voltar a estudar e poder enquadrar a vivência do mercado num arcabouço acadêmico rigoroso para debater estudos de casos reais com as nossas futuras gerações de líderes.