Por Marcelo Treff, professor da PUC
Nas semanas recentes, houve vários anúncios de demissão em muitos setores da economia, sobretudo na indústria. A justificativa é a crise. Além disso, dados apresentados pelo Ministério do Trabalho, na última quarta-feira, revelaram o pior resultado em geração de vagas formais no País desde 1999. Mas independentemente da crise econômica, cada vez mais presenciaremos a eliminação de postos de trabalho, em geral, vinculados às carreiras tradicionais, seja na indústria, no comércio ou em serviços.
Quase que na contramão dessa tendência, têm surgido muitas oportunidades (com ou sem vínculo empregatício) para as chamadas carreiras não convencionais ou flexíveis, conforme abordado brilhantemente pelos palestrantes no Seminário Estado-PUC sobre carreiras no dia 1º de Setembro, os quais alertaram que o profissional do futuro enfrentará transformações marcantes no mercado de emprego. Algumas que já são realidade: blogueiro, SEO (search engine optimization ou otimizador de sites de busca), internet marketer, dog walker (profissionais que passeiam com cachorros), DJ, Cam Girl (shows de exibicionismo online), personal shopper (profissional que dá dicas de compras).
As próprias carreiras tradicionais já vivem um cenário de novas demandas, conforme revelou pesquisa divulgada pela revista Exame sobre profissões em alta em 2015, como: executivo de contas, gerente de TI, diretor financeiro, CEO para novas empresas de médio porte, executivo de governança corporativa, gerente ou diretor branding, executivo de supply chain (cadeia de suprimentos), gerente de riscos, gerente de desenvolvimento de novos negócios, entre outras. Portanto, embora relacionadas a carreiras tradicionais, nessas profissões, os profissionais deverão "desenvolver competências que sejam aproveitadas em outros contextos", conforme afirmou a profesora Elza Veloso no seminário.
Dentre essas está o raciocínio lógico, visto que "o profissional do futuro será um profissional de algoritmos", na visão do estudioso Gil Giardelli, corroborando a tese do professor Eduardo Santos, que defende o ensino de lógica em todos os cursos. Tradicionais ou não convencionais, as carreiras do futuro serão ocupadas por profissionais que possuam competências transversais, sejam orientados para o autodesenvolvimento e, sobretudo, adaptáveis a diferentes contextos e situações.