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Opinião | Programas de trainee: passo a passo para conquistar a sua vaga

A preparação exige disciplina, planejamento e versatilidade do candidato que pretende concorrer

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Por Tiago Mavichian
Atualização:

Iniciar a carreira como trainee significa ter passado por uma seleção mais concorrida do que o vestibular de medicina na Universidade de São Paulo (USP). Há programas de trainees que são até cinco vezes mais difíceis de passar do que a Fuvest, algo como 500 candidatos por vaga. Em 2021, cerca de 200 empresas recrutaram trainees, com uma média de 20 vagas. Estamos falando de 4 mil oportunidades por ano.

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Os programas de trainee são amplamente conhecidos como porta de entrada dos futuros líderes corporativos. Lá pelos anos 1950, quando surgiram, tinham de fato esse propósito, mas, com o tempo, as companhias entenderam que podiam aproveitar melhor o potencial desses talentosos profissionais, criteriosamente selecionados entre milhares de candidatos recém-formados e bem preparados para o mercado de trabalho. Com isso, além de cargos de liderança, hoje em dia os trainees ocupam posições como analistas ou especialistas.

Trainees têm ampliado programas para além de profissões mais comuns na área. Foto: Pixabay/Domínio Público

Os trainees são funcionários com registro em carteira e um contrato temporário de trabalho, que, em geral, dura de 12 a 24 meses. Além das tarefas do dia a dia, relacionadas à área de atuação, os programas de trainee têm ações focadas no aceleramento profissional e funcionam como uma espécie de alavanca na carreira.

Isso significa que, após o término desses programas, o profissional costuma ser bastante valorizado pelo mercado. Ainda que não imediatamente, os trainees tendem a conquistar cargos de liderança e posições de destaque a médio prazo - sobretudo em organizações de médio e pequeno porte, onde o caminho é mais curto por existirem menos níveis hierárquicos.

A boa notícia que tenho percebido é que há cada vez mais programas de trainee afirmativos para pessoas pretas e mulheres, bem como uma maior flexibilidade em requisitos como idiomas e cursos de graduação. A exigência de faculdades de primeira linha, por exemplo, ficou para trás.

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Outra tendência são as novas áreas. Se antes os programas de trainee eram focados em departamentos tradicionais como engenharia, negócios e marketing, hoje eu observo uma curva crescente de programas direcionados para áreas em que antes havia menos oportunidades para trainees, como vendas, finanças e agronomia.

Como posso me preparar para ser um trainee?

Se você quer entrar no mercado de trabalho como trainee, tenha consciência de que terá  que se preparar. Após 16 anos acompanhando bem de perto dezenas desses programas, listo algumas dicas que podem ajudar você a conseguir uma vaga. Confira:

  1. Organize-se com antecedência Os programas de trainee costumam aceitar inscrições somente de candidatos recém-formados ou estudantes do último ano de graduação. Então, se esse é o seu objetivo, aproveite os primeiros anos da faculdade para ganhar experiência como estagiário e pesquisar os principais requisitos exigidos. Em geral, ter conhecimentos em Power BI, gestão de projetos, Excel e idiomas fluentes são bons diferenciais.
  2. Aprimore competências socioemocionais Por estar no início da carreira, provavelmente você tem pouca ou quase nenhuma experiência profissional. Então, além de investir no desenvolvimento das habilidades técnicas, preocupe-se com as chamadas "soft skills", competências comportamentais. Em geral, as mais valorizadas em trainees são alta energia, foco em resultado, capacidade no trabalho em equipe e potencial de liderança. Na internet, existem testes de autoconhecimento que podem ajudar a identificar pontos fortes e os que precisam melhorar. Busque autoconhecimento e se exponha a situações que ajudem a criar musculatura emocional, como trabalhos voluntários, esportes coletivos, atuação em empresas juniores ou diretórios acadêmicos.

  3. Mapeie as oportunidades Os processos seletivos para trainees concentram-se em dois momentos do ano. O primeiro entre abril e maio, com início no mês de agosto, e o segundo entre setembro e novembro, com entrada na companhia em fevereiro do ano seguinte. Nesses períodos, pesquise quais programas estão com inscrições abertas e avalie bem os requisitos de cada um. É importante checar também qual é o propósito de cada programa para saber se atendem o que você deseja. Alguns incluem job rotation, o que permite vivenciar um pouco de cada área, enquanto outros são focados em uma única área (comercial, marketing, finanças).

  1. Avalie todos os pré-requisitos antes de se inscrever Alguns programas pedem disponibilidade para viajar ou mudar de cidade. Se você faz uma pós-graduação, por exemplo, verifique a distância entre o local de trabalho e onde estuda. Existem os que só aceitam graduações ou são direcionados para um perfil específico, como pessoas pretas, LGBTQIAPN+, mulheres, entre outros. Escolha no máximo dez programas para se inscrever, assim consegue otimizar seu tempo, ter mais foco e aumentar as suas chances de aprovação.

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  1. Seja detalhista O primeiro "filtro" das plataformas digitais de processos seletivos é feito por meio de tecnologias que fazem o "match" entre as suas informações e as exigências básicas do programa. Com isso, basta uma palavra-chave digitada errada ou deixada de fora para você ser reprovado. Pelo mesmo motivo, evite abreviações e siglas. Para dar tudo certo, reserve um tempo para fazer as inscrições com calma e atenção.

  2. Planeje as etapas seguintes Se você tem o perfil exigido, há boas chances de ser selecionado para as etapas seguintes. Fique de olho no seu e-mail, pois provavelmente toda a comunicação da empresa com você acontecerá dessa forma. Na maioria dos processos, após a etapa de inscrição, os candidatos são convidados a fazer testes de conhecimento, gravar vídeos de apresentação ou encarar desafios como jogos on-line. O ponto é: há prazos para cumprir essas atividades. Então, se você está participando de mais de um programa, sugiro colocar as datas limite na agenda do seu celular para garantir que fará tudo. Se deixar para o último dia e tiver alguma dificuldade técnica, não vai dar tempo da empresa prestar o suporte para você finalizar as atividades.

  3. Melhore o seu desempenho Ao avançar para as próximas etapas, pesquise tudo sobre a empresa. Faça uma imersão no mercado em que a companhia atua, leia notícias, veja quem são os concorrentes e tudo o que possa melhorar seu desempenho nas fases presenciais. Muitos processos seletivos de trainee propõem análise de casos ou pedem o desenvolvimento de projetos relacionados aos desafios do negócio. Curta também as redes sociais da organização, em especial o LinkedIn (mantenha seu perfil atualizado!), onde é possível adicionar quem for conhecendo ao longo da seleção.

  1. Fim do processo seletivo. E agora? Se você foi aprovado em mais de um programa, reflita qual está mais próximo daquilo que você projeta para a sua carreira. Após essa escolha, lembre-se de declinar sua participação nos processos das outras empresas. Simplesmente sumir não é bacana para a sua imagem profissional. Caso não consiga ser aprovado em nenhum dos que se inscreveu, reflita sobre os pontos que precisa melhorar daqui em diante. Se foi reprovado nas etapas iniciais, talvez seja bom investir no aprofundamento de seus conhecimentos técnicos. Se as negativas vieram após etapas presenciais, foque mais em suas habilidades pessoais. Os melhores candidatos são aqueles que transformam cada experiência em aprendizado!

*Tiago Mavichian é CEO e Fundador da Companhia de Estágios, uma das principais empresas de recrutamento e seleção de estagiários, trainees e jovem aprendiz

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