Sua formatura na faculdade está chegando e há duas opções para você durante o seu estágio: ter o contrato encerrado ou ser efetivado. Se você gosta da empresa em que está e vislumbra uma possibilidade de crescimento lá dentro, eu faço uma provocação: "O que você fez até aqui?". Minha ideia é entender se você deixou para pensar nisso só agora.
Não vou dizer que o estagiário tem de pensar na efetivação no primeiro dia de trabalho. Não é isso. Mas é quase. Dois ou três meses depois de ter entrado na companhia você já entendeu os processos internos, as atividades que são desempenhadas, a cultura organizacional e o clima da liderança. Ou seja, você já sabe se gosta da empresa e do que faz e é hora de pensar o que precisa desenvolver para permanecer na companhia e se dar bem.
Por lei, o estágio pode ter duração máxima de dois anos. Num mundo acelerado como o atual, isso é bastante tempo e eu sei que o rumo das coisas podem mudar. Mas é preciso ter em mente que, ao final do contrato, você será avaliado pelo todo -- e os comportamentos ao longo da jornada terão peso. O que estou querendo dizer é simples: mais do que dizer ao chefe que tem interesse em ficar na organização (o que, lógico, é válido), o que mais surtirá efeito é sua postura.
Para ajudar nesta fase tão importante, listo abaixo 6 ações que considero estratégicas para estudantes que querem sair do estágio com a carteira assinada.
- Foque na adaptação Ambientar-se, buscando informações e conexões, é fundamental não só para uma rotina agradável, mas para conhecer a empresa por dentro, entendendo como ela funciona e o que é esperado de você.
- Amplie o seu networking Entender-se bem com os colegas da equipe é bom. Melhor ainda, quando você consegue ampliar as boas relações com pessoas de outras áreas. Nem sempre a vaga para efetivar o estagiário existe dentro da sua equipe, mas, se você desenvolver um projeto e mostrar boa relação fora da área em que atua, pode ser efetivado em outra. Construir relações é essencial para manter as portas abertas no futuro.
- Ofereça ajuda Após conhecer a cultura da organização e vendo que tem liberdade, tanto em seu departamento, como em outros, procure as pessoas e ofereça ajuda. Diga: "Eu trabalho na área tal, gostaria de conhecer melhor a sua área de atuação, então conte comigo caso precise de algo". Pense no LinkedIn. Você não vai adicionar uma pessoa e já sair pedindo emprego para ela. Vai adicioná-la, trocar informação, conteúdo, oferecer auxílio e, eventualmente, solicitar uma indicação. É um processo que começa com você.
- Demonstre interesse Coloque-se como uma pessoa interessada, que está se esforçando para aprender e se relacionar. Isso manda um recado positivo e mostra que você é uma pessoa antenada, entrosada e com potencial de desenvolvimento.
- Peça feedback constante Para corresponder da melhor maneira, você precisa saber o quanto e quais expectativas seus chefes têm em relação ao seu trabalho. Para isso, pergunte ao gestor: "Como estou indo? Estou atendendo às suas expectativas? Posso fazer algo para melhorar?". O ideal é que essa conversa ocorra entre um e dois meses depois que você entrou e que se repita de tempos em tempos.
- Dê feedback Você também deve dar esse retorno ao gestor. Falar quais são as suas expectativas com o estágio e para quais desafios busca ajuda. Comunicar o que se quer é muito importante, porque nem sempre está claro para o outro o que para você é óbvio.
Outra dica importante é encontrar um mentor, uma pessoa que seja uma espécie de guru para ajudar, aconselhar ou tirar dúvidas. Algumas empresas oferecem programas de mentoria. Nesses casos, o mentor pode ser o chefe direto, um ex-estagiário que foi efetivado, um colega mais experiente ou um gerente que vai dar dicas de carreira, de desenvolvimento e de crescimento.
Se a empresa não tiver esse programa pronto, é importante que você converse com o seu gestor direto, fala a respeito do seu interesse em ter uma mentoria e valide com ele o profissional da organização com quem você está pensando em conversar.
Outra boa opção é buscar um mentor fora da empresa. Pode ser um coach bem recomendado, um veterano, um professor ou alguém do núcleo de carreiras da faculdade. Busque um profissional que atue na sua área e seja mais experiente. Uma conversa de 45 minutos, uma vez por mês, para trocar dúvidas, experiências, anseios e medos. Acredite, muitas pessoas se sentem orgulhosas de serem mentoras e de contribuir com a formação de alguém.
Faça cursos, batalhe o seu crescimento. Você não pode ser a mesma pessoa, nem fazer as mesmas coisas que fazia quando entrou no estágio. Da mesma forma, você não pode terminar sua graduação de quatro anos sem ter um curso, palestra, workshop ou webinar no currículo. Imagine que você é gestor e tem um estagiário que, em dois anos, não fez um curso, não participou de um evento ou workshop, enfim, não evoluiu. Ele não fez nada de novo, só fez aquilo que lhe foi demandado de forma acomodada. Será que essa é a pessoa que você efetivaria?
Para fechar, tem aquela frase que não perde a validade nunca: "Quem não é visto não é lembrado". Deixar as pessoas saberem o que você está fazendo e como aquilo agrega no negócio é muito importante. Tem a ver com entrega de valor. Às vezes, o estagiário trabalha muito bem, mas de alguma maneira, o gestor, os colegas e a área como um todo não veem esse resultado.
Algumas empresas têm até 200 estagiários. Bancos têm programas de estágio com milhares de pessoas.
Como os gestores vão se lembrar de você?
Se você sempre tem ideias novas, transita pelas áreas, apresenta um projeto, se coloca para ajudar, vai ser visto. E quem é visto é lembrado. Mais uma vez, reforço que isso não pode ser feito apenas no último mês do estágio, e sim no decorrer de todo o processo. Quanto mais você se expuser, mais vai aprender. Tem casos de companhias que não possuem vaga, mas o estagiário é tão bom que ela cria uma. Se você for essa pessoa, a empresa fará de tudo para não perder você.
* Tiago Mavichian é CEO e fundador da Companhia de Estágios, startup de RH especializada em seleção e desenvolvimento de aprendizes, estagiários e trainees. Pós-graduado em gestão de pessoas pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, possui mais de 18 anos de experiência na área de RH.
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