O diário norte-americano "The Wall Street Journal" publicou uma reportagem tentando mostrar a complexidade do atual momento econômico do Brasil. O jornal aponta a inflação como uma questão que, apesar de ter ficado controlada na maior parte do governo Lula, começa a virar uma "dor de cabeça" para futura presidente, Dilma Rousseff.
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Isso porque a alta de preços gera outros problemas que põem em risco promessas de campanha, na opinião do diário. Pelo curso da inflação até agora, a tendência é atingir 6% no ano todo, segundo o jornal. Se isso se confirmar, será a maior alta de preços desde 2004, como mostram dados do Banco Central.
Dilma prometeu na campanha uma forte redução na taxa básica de juros, mas o risco inflacionário força o BC a fazer justamente o contrário, elevar a taxa Selic, atualmente em 10,75% ao ano.
A alta do juro básico, por sua vez, cria novos problemas porque atrai investidores estrangeiros (interessados em ganhar dinheiro em cima de títulos públicos brasileiros) e fortalece o real.
Com a moeda brasileira mais cara, a vida da indústria nacional piora, tanto para os exportadores, que enfrentarão concorrentes de países com moeda mais fraca, quanto para os que vendem para o mercado interno, que rivalizarão com produtos importados mais baratos.
O ministro da Fazenda, Guido Mantega, já afirmou que no próximo governo cortará gastos, o que pode amenizar a inflação. Só que essa tarefa será "politicamente difícil", na opinião do "WSJ", porque há uma série de projetos que precisarão de dinheiro público, como a construção de estádios para a Copa de 2014 e outras obras relacionadas aos Jogos Olímpicos de 2016.