O BranchOut, aplicativo para conexões profissionais disponível no Facebook, completa um ano neste mês.Há pouco tempo, convites para fazer parte dessa rede tornaram-se frequentes entre usuários brasileiros. Mas o que realmente quer esse tal de BranchOut? Alguns o chamam de LinkedIn do Facebook. Outros acham que é só mais um aplicativo existente na rede criada por Mark Zuckerberg. E serviços semelhantes, como o BeKnown, acirram a concorrência.
Para entender melhor a que veio esse produto, que já atraiu investimentos de US$ 24 milhões em nove meses, o Radar Tecnológico conversou por telefone com o fundador e CEO do BranchOut, Rick Marini. Veja abaixo a íntegra da entrevista, que foi publicada nesta segunda-feira, 25, no caderno de Negócios de O Estado de S. Paulo.
Faz sentido criar uma rede profissional dentro de uma rede social?
O Facebook é a mais poderosa rede social do mundo, com 750 milhões de usuários. Nela, você tem colegas e ex-colegas de trabalho e também quer ter uma presença profissional. Mas você não quer se candidatar a uma vaga e permitir que vejam suas fotos e vídeos, certo? Portanto, faz todo o sentido ter um lugar dentro do Facebook onde seja possível ter um perfil profissional de maneira segura. Fora o fato de que lá você tem uma rede de amigos confiáveis que provavelmente estão dispostos a ajudá-lo a conseguir um emprego, quando precisar. Oitenta por cento das pessoas no Facebook já misturam relações profissionais com pessoais.
Qual é a participação de usuários brasileiros no BranchOut?
Cerca de 10% do nosso tráfego está no Brasil, principalmente em São Paulo. Como estamos em 60 países, essa presença é muito significativa. A razão para isso está no aquecimento da economia brasileira, no seu grande número de habitantes e na profissionalização das pessoas, que passam a acessar mais o Facebook. Estou muito empolgado com o nosso crescimento por aí, até porque empresas brasileiras têm nos procurado. Vamos lançar mais recursos e terminar de traduzir o site todo para o português o mais rápido possível, para podermos atender a audiência que temos no Brasil.
A proposta do BranchOut parece ser a mesma do LinkedIn. Ele é o seu principal concorrente?
A imprensa gosta de nos comparar com o LinkedIn. Mas acho que é uma questão de complemento, e não competição. O LinkedIn está fora do Facebook e nós estamos dentro. Eles têm 50 milhões de usuários ativos por mês; o Facebook tem 750 milhões. Mas eu reconheço o pioneirismo deles. O LinkedIn é a Coca-Cola, e nós somos a Pepsi. Como jogador número dois, nós temos uma grande oportunidade.
E você quer ser Coca?
Claro! Um dia...
Antes era possível importar os dados colocados no LinkedIn para o BranchOut. Mas o LinkedIn eliminou essa possibilidade. E agora?
Isso não nos afeta muito, porque uma porcentagem muito pequena de nossos usuários usava esse recurso. A maioria das pessoas que estão no Facebook não têm um perfil no LinkedIn.E essa proibição, para muitas pessoas, é sinal de que o LinkedIn nos vê como ameaça.
Qual é a estratégia para se destacar de produtos semelhantes ao seu, como Simply Hired, Identified, Work4 Labs e o recém-lançado BeKnown, da Monster?
A grande diferença é que o Branchout é uma comunidade de profissionais. O work4labs, por exemplo, é um serviço. Eles colocam a oferta de trabalho no Facebook, mas não estabelecem uma comunidade. Quanto ao BeKnown, da Monster, você olha para o site deles e vê que é uma cópia do BranchOut com o logotipo do BeKnown. Não estamos preocupados com eles. Tudo o que fizeram foi copiar a gente. Ridículo.
Não é irônico a Monster, que comprou sua rede social Tickle, lançar um produto para concorrer com o seu?
Sim, é irônico. Eles gastaram US$ 100 milhões na minha companhia e a fecharam depois que eu saí. Não souberam o que fazer. Não foram capazes de criar uma verdadeira comunidade em 20 anos. Agora, eles estão gastando milhões e milhões em marketing e nós, zero. O BeKnown anunciou em uma página inteira do "New York Times", e o BranchOut ainda é dez vezes maior. Isso porque nós temos o melhor produto. No fim das contas, as pessoas não querem ir a um lugar que gasta milhões em publicidade e não passa de uma cópia do produto real.
Usuários
Número diário de usuários ativos oscilou entre 24 de junho e 24 de julho (Fonte: AppData)
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