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Está chegando a hora

O governo tem de correr com as reformas para melhorar as expectativas

colunista convidado
Foto do author José Roberto Mendonça de Barros
Por José Roberto Mendonça de Barros

A abertura do ano judiciário e legislativo, com a eleição dos presidentes da Câmara e do Senado, talvez sinalize o fim da mais tumultuada transição de governo dos últimos tempos. Mas com um final feliz: nossa democracia foi severamente testada e sobreviveu bem.

Nesse meio tempo, tornou-se urgente a definição da estrutura de política econômica. A economia está desacelerando e, com ela, a criação de empregos e renda. O efeito do caso Americanas (e de empresas com outras dificuldades, como Oi e Light) vai levar a certa restrição de crédito, num contexto de juros elevados.

Reforma tributária, prioridade do ministro da Fazenda Fernando Haddad, é o cardápio essencial para retomada da economia Foto: Isaac Fortuna/EFE

A inflação está bem pressionada, inclusive por decorrência de problemas climáticos, que vão de fortes chuvas em todo o leste do Brasil à seca na Argentina e em região próxima. Com isso, as cotações de soja subiram, bem como os preços de hortifrútis. Arroz e feijão estão 50% mais caros do que há um ano. O PIS/Cofins da gasolina deverá voltar em março. O viés é de alta.

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Num cenário já difícil, a incerteza se elevou com as falas recentes do presidente. E a herança fiscal e a PEC da Transição podem levar a uma trajetória insustentável da dívida pública.

O cardápio essencial da política econômica está dado, e parece aceito pelo trio Haddad/Tebet/Alckmin: reforma do ICMS, aprovação de nova regra fiscal e um conjunto de medidas nas áreas de arrecadação e gastos que levem a um déficit de 0,8/1% do PIB neste ano e equilíbrio daí em diante.

A questão é colocar o mais rapidamente possível esse programa na rua com o apoio do Planalto. É o que permitiria melhorar as expectativas. Somado a avanços em meio ambiente, educação e relações internacionais, isso possibilitaria o crescimento dos investimentos, resultando em mais crescimento em 2024.

Em rotas alternativas, a inflação nos pegará mais uma vez.

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Desde que o relacionamento geopolítico EUA/China se alterou para rivalidade, muita atenção está concentrada no redesenho das políticas comerciais e de investimento nesse novo contexto.

Entretanto, quietamente a China lidera uma grande articulação para passar a liquidar as compras de petróleo e gás em sua moeda, e não em dólares, utilizando-se de plataformas locais e acordos entre BCs e moedas soberanas digitais.

O epicentro está em tratados negociados com Arábia Saudita e países do Golfo Pérsico, com a alegre adesão de Rússia e Irã. Inclui também o financiamento chinês a investimentos em petroquímica, economia digital, data centers e outros projetos.

O monopólio do dólar nas transações internacionais será rompido.

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É coisa grande, e a ela voltaremos muito mais vezes.

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