Essas foram algumas das versões de fintechs dentre as 54 que foram expositoras da Fintech Conference 2019, promovida pela StartSe, empresa de educação continuada e maior ecossistema de startups do Brasil, e pela ABFintechs (Associação Brasileira de Fintechs), em São Paulo, na última quarta-feira.
Essas plataformas de tecnologia que oferecem serviços e produtos avançam com rapidez no setor financeiro, com o aval e apoio do Banco Central e outros órgãos reguladores, como a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e Superintendência de Seguros Privados (Susep). Em comum, todas agregam ao consumidor final de seus produtos algum tipo de facilidade, de praticidade, de acesso ou benefício. Principalmente a redução de custos.
Também compartilham maior nível de transparência na relação com seus clientes, ora por orientar o aplicador a empregar apenas parte de seu patrimônio nos produtos que oferecem, ora por deixar claro de onde vem remuneração da empresa, ora por oferecer regras claras e eliminar as letras miúdas de um contrato.
Mesmo assim, as fintechs ainda são pouco conhecidas e, até por isso, convivem com a desconfiança de quem está acostumada com outra cultura de relacionamento com os bancos. A de ir até uma agência, conhecer pessoalmente seu gerente e bater um papo com ele. Hábitos enraizados que impõem como um dos maiores desafios às fintechs na era digital, em que não se conhece a pessoa que atende pela internet ou por telefone em negócio fechado de forma remota, transmitir segurança e credibilidade para que as pessoas passem a usar essas plataformas.
"Pouca gente sabe, mas as fintechs são reguladas pelo Banco Central, CVM, Susep, enfim as mesmas instituições que regulam os grandes bancos", explica Bernardo Pascowitch, do Yubb, um buscador de investimentos, e diretor da ABFintech. Portanto, do ponto de vista regulatório e de normas legais, as fintechs devem obedecer aos mesmos requisitos exigidos pelo BC de uma instituição financeira. Além disso, ressalta Pascowitch, as tecnologias empregadas por essas empresas são mais seguras, mais modernas, mais ágeis e avançadas que as de instituições financeiras tradicionais.
Por ser um segmento novo, as fintechs estão ainda engatinhando, somente o tempo poderá dizer quem nele é sério, quem veio para ficar, quem realmente está preocupado em facilitar a vida do aplicador ou do consumidor com serviços eficientes.
O melhor na renda fixa
Na plataforma do Yubb, ao informar quanto vai investir e por quanto tempo, o interessado toma conhecimento das opções mais interessantes para o seu caso em papeis de renda fixa, como CDB, RDB, Letra de Crédito Imobiliário (LCI), Letra de Crédito Agrícola (LCA) e títulos do Tesouro, além de fundos de investimento, ofertados por cerca de 200 instituições financeiras que entram na pesquisa. Ao todo, são 2.100 investimentos diferentes que são atualizados em tempo real.
Ao decidir-se por uma das opções, o investidor abre uma conta na instituição escolhida para concretizar a operação.
Pelo serviço que oferece, é uma ferramenta de grande utilidade para quem procura rentabilidade diferenciada na temporada de juros baixos. Tomando como base a caderneta, a preferida pela maioria dos brasileiros, o rendimento obtido atualmente é de 4,55% ao ano (0,37% ao mês). Isso equivale a 71% do CDI, nível de juros praticados nas operações entre bancos e parâmetro para o rendimento da renda fixa, que está em 6,40% ao ano.
Sem sair do conforto da renda fixa, em uma pesquisa em sua plataforma, nesta quinta-feira, dia 23, o Yubb apresentava ao investidor oportunidades no mercado com rendimento bem acima do da caderneta. Para um CDB de 24 meses, e um total aplicado de R$ 10 mil, a taxa média oferecida chegou a 116% do CDI.
Traduzindo em miúdos, essa remuneração equivale a uma taxa bruta de 7,42% ao ano, ou líquida, depois do desconto do Imposto de Renda, de 6,31%.
Mesmo para quantias mais baixas e prazos menores, as ofertas batiam a caderneta de poupança. A taxa média para uma aplicação de R$ 5 mil e pelo prazo de um ano, era de 108% do CDI. Ou seja, de um rendimento bruto de 6,91%, ou líquido de 5,70% ao ano. Também superior aos 4,55% da caderneta.
São, portanto, opções indicadas para quem sabe que poderá deixar o dinheiro aplicado por prazos elásticos, como de um ou dois anos, e não vai precisar da liquidez mensal que é oferecida pela poupança.
Pascowitch revela uma curiosidade de quem acompanha de muito perto o segmento: as aplicações em renda fixa estão bem acessíveis ao pequeno investidor. O valor mínimo de aplicação em um CDB é hoje de R$ 1,00 no Banco Sofisa.
A remuneração da Yubb vem do banco ou da financeira com quem o aplicador efetivou o negócio, mas o executivo faz questão de esclarecer que na lista das melhores ofertas também estão as de instituições financeiras que não são parceiras, quer dizer, não remuneram por operação fechada. Segundo ele, o objetivo maior é prestar um serviço de qualidade ao cliente.
Mercado imobiliário
A fintech Expeer faz uma ponte entre pequeno investidor e empreendimentos no mercado imobiliário. A ideia é captar recursos para início de obra de uma incorporadora no varejo, com aplicadores que dispuserem de quantias a partir de R$ 1 mil.
No meio existe a intermediação de um banco. A incorporadora emite uma Cédula de Crédito Bancário (CCB), reconhecendo sua dívida junto a esse banco, que, por sua vez, emite CDBs vinculados às CCBs. "Identificamos essa demanda no setor imobiliário, pela dificuldade enfrentada pelos empreendedores para viabilizar o início das obras, antes de conseguir o financiamento com os bancos", diz o CEO da empresa, Danilo de Abreu Ribeiro.
O CDB é emitido pelo prazo de 36 meses. Para ter ideia de retorno, a rentabilidade oferecida em uma operação finalizada na capital paulista esta semana pela Expeer foi de 13,20% ao ano. A fintech começou a operar em fevereiro deste ano e, em espaço de um mês, conseguiu fechar uma transação de R$ 1 milhão para a incorporadora Mitre. No empreendimento, 95% das unidades já foram vendidas, relata Danilo.
Uma novidade: os investidores desse projeto foram contemplados com óculos de realidade virtual em que é possível acompanhar o andamento da obra onde seu dinheiro está investido. Danilo explica que o comitê de investimentos da empresa é formado por especialistas no mercado imobiliário e financeiro. São responsáveis pela análise minuciosa do empreendimento, dados financeiros da incorporadora, riscos da operação e assim por diante.
O risco da aplicação está ligado à possibilidade de inadimplência da incorporadora com o banco. "O risco é semelhante ao que se tem ao comprar um imóvel na planta", compara o executivo. A Expeer avalia e orienta o investidor quanto do seu patrimônio deve ser alocado nesse tipo de investimento e um teto é estabelecido dependendo do seu perfil, se conservador, moderado ou agressivo.
Na próxima semana conheça outros tipos de fintechs e como o tema vem sendo tratado em nível de regulação dessas empresas.
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