BRASÍLIA - O secretário do Tesouro Nacional, Mansueto Almeida, disse nesta quarta-feira, 16, que a renegociação de dívidas de produtores rurais só poderá ser feita quando houver definição de fonte orçamentária que bancará os custos do programa.
+ Investigados pela PF usam Refis para reduzir e parcelar dívidas de R$ 3,8 bi
Após participar de reunião na Câmara dos Deputados, Almeida explicou que, quando o Congresso derrubou vetos do presidente Michel Temer à renegociação das dívidas, não ficou estabelecida qual seria a fonte de receitas para essa despesa.
Sem dinheiro em caixa, o governo determinou que os bancos públicos não renegociem dívidas de produtores rurais, beneficiados pela aprovação no Congresso de uma lei que lhes concede descontos de até 95% no saldo devedor. Esses descontos terão de ser bancados pelo Tesouro Nacional, mas não há previsão no Orçamento para isso. Segundo apurou o Estadão/Broadcast, o custo total para o Tesouro poderia chegar a R$ 17 bilhões, caso todos os produtores renegociassem as dívidas.
+ Estados pressionam União por repasse de R$ 14 bilhões de receitas com o Refis
"Uma despesa sem fonte orçamentária não pode ser paga. Se os bancos renegociarem sem a definição da fonte orçamentária, o Tesouro ficará devedor dos bancos. É como se os bancos, inclusive os públicos, tivessem financiando o Tesouro, o que também não pode, o TCU não deixa", detalhou.
+ Bancada ruralista diz que Temer pode editar nova MP prorrogando refis do Funrural
O secretário afirmou ainda que, se fossem renegociadas todas as dívidas dos produtores rurais de uma vez, em um ano, o impacto seria de R$ 17 bilhões. Ele afirmou que o governo não tem um número fechado do valor a ser equalizado porque possivelmente não haverá renegociação de 100% da dívida, principalmente neste ano. "Ninguém sabe exatamente o valor, por isso que é tão difícil definir o orçamento", acrescentou.
Outra dificuldade é que o orçamento de 2018 já está próximo ao teto de gastos permitidos. Com isso, para definir a fonte que financiará a renegociação dessas dívidas, terá que haver cancelamento de despesas obrigatórias ou corte nas discricionárias, já bastante apertadas.
"Para definir fonte orçamentária, vai ter que cortar outras despesas. Isso não cabe à Fazenda, que não define qual despesa é prioritária. Isso depende do Congresso", afirmou.
A renegociação de dívidas dos produtores rurais com até 95% de desconto do saldo devedor foi incluída na Lei 13.606, que criou o Refis do Funrural. O presidente Michel Temer chegou a vetar as benesses, mas o Congresso derrubou todos os vetos. O Ministério da Fazenda, no entanto, conforme antecipou o Estadão/Broadcast, enviou comunicado aos bancos públicos proibindo a renegociação, já que não há previsão no orçamento para bancar a "bondade".