A representante do Comércio dos Estados Unidos, Susan Schwab, estará no Brasil no próximo sábado para reunir-se com o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim. Será uma tentativa de prosseguir com as negociações da Rodada Doha da Organização Mundial do Comércio (OMC). Amorim afirmou que, na reunião com a representante norte-americana, os dois países tentarão "salvar as negociações". Ele confessou que o tema principal serão os subsídios agrícolas. "Todos sabem, inclusive os americanos, que não haverá uma retomada do processo se não fizerem uma proposta convincente de cortes de subsídios , explicou Amorim. Europeus, brasileiros e indianos culparam a falta de flexibilidade de Washington pelo fracasso. Os americanos têm o direito de distribuir US$ 22 bilhões por ano em subsídios. Pela proposta de Washington, o volume cairia para US$ 18 bilhões, o que ainda é considerado como excessivo por Brasil, Índia e Europa. Amorim, portanto, deixa claro que a condição para a retomada do processo será uma nova proposta americana que inclua um corte ainda maior de subsídios. Negociações A suspensão da Rodada Doha deixou duas saídas para o Brasil. A primeira seria a retomada da rodada, com seu elevado grau de ambição na abertura de mercados agrícolas e na redução de subsídios domésticos, por volta de 2008, quando o governo dos Estados Unidos já tiver obtido novo mandato de seu Congresso para tratar do tema. Explica-se: o mandato negociador concedido pelo Congresso americano a seu Executivo, o chamado Trade Promotion Authority (TPA), expira em julho de 2007. As negociações nos EUA para a concessão de um novo TPA demorariam, no mínimo, seis meses. A segunda opção seria a redução da ambição nas demandas das economias em desenvolvimento na área agrícola para concluir um acordo mais modesto até o final de 2006. Amorim já avisou, contudo, que a condição para a retomada do processo será uma nova proposta americana que inclua um corte ainda maior de subsídios. O colapso da rodada foi provocado pela ausência de uma nova proposta dos EUA de corte nos subsídios domésticos na reunião dos seis parceiros (G-6) mais influentes da OMC, no domingo. No plano político, Amorim sugeriu que todos reajustem suas expectativas para retomar a rodada num futuro próximo - que não seria, obviamente, em 2008.