BRASÍLIA - Levantamento divulgado pelo Ministério da Agricultura mostra que subiu para 18 o número de mercados internacionais que já adotaram algum grau de restrição à entrada da carne brasileira após a Operação Carne Fraca, da Polícia Federal. Outros quatro mantiveram o mercado aberto, mas intensificaram a fiscalização. E três enviaram pedidos de informação ao Brasil.
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Nesta quinta-feira, 23, o ministro da Agricultura, Blairo Maggi, dedicou o dia a prestar esclarecimentos à imprensa internacional em relação à operação, tentando reduzir os danos às exportações nacionais. Pela manhã, concedeu entrevista a jornalistas dos Estados Unidos, Oriente Médio e Europa.
À tarde, levou representantes da imprensa chinesa para visitar uma planta da BRF em Rio Verde (GO). No frigorífico, ele comentou que jornalistas e câmeras jamais seriam admitidos na linha de produção, em condições normais. “Quando estamos em guerra, as regras são flexibilizadas”, disse.
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Há especial preocupação em reabrir o mercado chinês, um importante comprador de produtos brasileiros. Ontem, o presidente Michel Temer disse que telefonaria para o presidente da China, Xi Jinping, para dar explicações sobre as medidas adotadas pelo governo brasileiro após a operação policial e para assegurar a qualidade do produto brasileiro.
15 perguntas e respostas sobre a Operação Carne Fraca
1 / 1415 perguntas e respostas sobre a Operação Carne Fraca
3 - O consumidor deve deixar de comprar carne?
Não há recomendação oficial para suspender o consumo. O Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec) recomenda que se priorize alimentos in nat... Foto: Carlos Silva/MapaMais
15 - Há exagero na divulgação?
Na avaliação de entidades do setor, houve descuido por parte da Polícia Federal, que defende a operação. Para Pedro de Camargo Neto, vice-presidente d... Foto: Alex Silva/EstadãoMais
1 - O que é a Operação Carne Fraca?
Deflagrada no dia17 de Fevereiropela Polícia Federal, após uma denúncia contra um frigorífico no Paraná, a Operação Carne Fraca investiga um esquema d... Foto: DivulgaçãoMais
4 - Os produtos sob suspeita serão recolhidos?
O Idec encaminhou uma carta ao Ministério da Agricultura e à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) solicitando o recolhimento de mercadori... Foto: Carlos Silva/MapaMais
5 - Pedaços de papelão foram encontrados nas carnes?
De acordo com a PF, parte das carnes era misturada com papelão. A BRF disse que se trata de um mal-entendido e que o funcionário gravado na investigaç... Foto: Carlos Silva/MapaMais
6 - Que outros problemas as investigações apontam?
A PF afirmouque, nas gravações, sócios de um frigorífico falam sobre o uso de carne de cabeça de porco na produção de embutidos - o que, segundo a pol... Foto: DivulgaçãoMais
7 - Havia produtos com a bactéria salmonela?
Segundo a Polícia Federal, a partir de áudios da investigação, havia carnes da BRF contaminadas com salmonela que seriam exportadas para a Europa. No ... Foto: Amanda Pereobelli/EstadãoMais
8 - Como o governo reagiu?
Após divulgada a ação, o governo reiterou a confiança na qualidade do produto nacional, disse que iria acelerar o processo de auditoria nos estabeleci... Foto: Antonio Lacerda/EFEMais
9 - Quais os principais riscos à saúde associados ao consumo de carnes estragadas?
O principal problema são as infecções gastrointestinais causadas por bactérias presentes em carnes deterioradas e fora do prazo de validade, como as d... Foto: DivulgaçãoMais
10 - O consumo de carne contaminada por bactérias do gênero salmonella sempre leva a infecções graves?
Não necessariamente. Existem milhares de tipos de bactérias do gênero salmonella. Dois tipos são considerados mais prejudiciais à saúde pública: Salmo... Foto: Filipe Araújo/EstadãoMais
11 - Pessoas que consumiram carne deteriorada poderão desenvolver algum tipo de câncer?
É improvável. A maior parte dos tipos de tumor ocorre quando a pessoa se expõe ao agente cancerígeno por um longo período de tempo. Assim, para que ad... Foto: Amanda Perobelli/EstadãoMais
12 - O uso de ácido ascórbico (vitamina C) como conservante nas carnes é proibido no Brasil? Ele está associado a maior risco de câncer?
A utilização dessa substância é permitida no País como aditivo alimentar e, no caso das carnes, tem função de antioxidante, sem restrições quanto ao l... Foto: Amanda Perobelli/EstadãoMais
13 - Como minimizar o risco de ser contaminado por uma bactéria ao consumir carnes?
A principal orientação dos especialistas é consumir carne bem cozida, grelhada ou assada. As altas temperaturas utilizadas nesses processos são capaze... Foto: Alex Silva/EstadãoMais
14 - Quais são os principais sinais de que a carne pode estar deteriorada?
Primeiro, é preciso observar a coloração: se ela estiver amarelada, esverdeada ou acinzentada, é sinal de que não está boa para consumo. A segunda car... Foto: Alex Silva/EstadãoMais
Nova regulamentação.No próximo dia 29, o governo federal pretende lançar o novo regulamento de inspeção sanitária. As regras atualmente em vigor foram criadas em 1952. Também será lançado um plano nacional de defesa agropecuária. Essas medidas já estavam em preparação antes da operação Carne Fraca ser divulgada.
Os dados mostram que o foco de preocupação do ministério permanece. Hong Kong e China seguem sem permitir o desembaraço aduaneiro das cargas de carne e derivados que chegam ao país. A restrição atinge todos os exportadores brasileiros, e não apenas aqueles envolvidos na investigação da Polícia Federal.
Além desses dois países, suspenderam temporariamente suas importações do Brasil: Chile, Argélia, Jamaica, Trinidad e Tobago, Panamá, Qatar, México, Bahamas e São Vicente de Granadina.
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Por outro lado, três importantes mercados, o Japão, a União Europeia e o Egito, suspenderam as compras apenas dos frigoríficos alvos da operação. Também estão nesse grupo a África do Sul, a Suíça, a Arábia Saudita e o Canadá.
Os Estados Unidos mantiveram seu mercado aberto ao produto brasileiro, apenas reforçando os controles sanitários. A mesma coisa fizeram o Vietnã, a Coreia do Sul e a Malásia.
A Rússia, outro grande comprador de carne brasileira, enviou apenas um pedido de informações. Também fizeram isso Israel e Barbados.
Mesmo os mercados que continuam abertos não estão recebendo carne das unidades que foram alvo da operação. Por decisão do governo brasileiro, esses frigoríficos não têm recebido licenças de exportação.