RIO e RIBEIRÃO PRETO - A alta de 0,4% no Produto Interno Bruto (PIB) da agropecuária no segundo trimestre ante igual período de 2018 foi marcada pela produção de milho e da pecuária, disse Claudia Dionísio, gerente de Contas Nacionais do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que divulgou os dados nesta quinta-feira, 29.
A pesquisadora explicou que o desempenho só não foi melhor porque a soja, principal lavoura da safra brasileira, e cujo impacto no PIB se dá todo no primeiro semestre, quando ocorre a colheita, teve queda na produção, assim como o café.
O milho, cujo peso na safra nacional cresceu nos últimos anos, está com previsão de alta tanto de produção quanto de produtividade neste ano, lembrou Dionísio. Segundo a pesquisadora, um terço da produção de milho é colhida na primeira metade do ano, daí porque o impacto positivo no PIB do segundo trimestre.
Resultado ainda frustrante
O coordenador do Núcleo Econômico da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Renato Conchon, disse que o resultado do PIB no segundo trimestre em relação ao mesmo período de 2018 superou as expectativas, mas o desempenho do setor ainda é frustrante.
"Esperávamos aumento em torno de 0,2% a 0,3%; o resultado é importante, mas ainda é frustrante. O mercado aguarda o aumento na confiança e, para ter confiança, é preciso passar pelas reformas", disse Conchon ao Estadão/Broadcast. "E as reformas não vão resolver sozinhas, é preciso melhorar o ambiente."
Conchon atribuiu a alta do PIB da agropecuária entre os segundos trimestres de 2018 e 2019 à base de comparação mais baixa no período do ano passado, quando houve a greve dos caminhoneiros, e ao aumento da produtividade e produção de lavouras, principalmente do milho e algodão. "A pecuária, como destacou o IBGE, principalmente a bovina, também ajudou e é um indicador antecedente bom para a melhora da economia", afirmou.
A queda de 0,4% no PIB da agropecuária no segundo trimestre sobre o primeiro trimestre de 2019 é normal, segundo Conchon, e fruto da sazonalidade das lavouras. O coordenador da CNA destacou também o crescimento de 5,2% no PIB da Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF) no segundo trimestre na comparação anual e de 3,2% sobre o primeiro trimestre do ano, sinal que os investimentos estão voltando. "Esperamos que seja o começo de uma melhora significativa".
Após o desempenho do segundo trimestre, a CNA mantém a expectativa de um crescimento de 1% no PIB do País em 2019 e de 0,8% para o desempenho da agropecuária, mas com viés de alta para o setor.
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