
Em tempos de instabilidade cambial, o planejamento para viagens ao exterior se torna uma montanha-russa. A secretária Magda Mantovani pretendia passar o réveillon com o marido no Uruguai. Em setembro, o casal foi a uma agência da CVC em Curitiba e fez um orçamento. A viagem de quatro dias ao país vizinho sairia por R$ 2,6 mil.
Na última segunda-feira, eles resolveram bater o martelo. Mas, com o efeito do dólar (que disparou no dia seguinte à eleição) e também com a data da viagem mais próxima, os patamares já tinham mudado. O mesmo pacote custava R$ 5,7 mil, uma diferença de R$ 3,1 mil, ou 120% a mais.
“Não estávamos acompanhando o movimento do dólar e deixamos para fechar o pacote depois da eleição”, conta Magda. Surpreendida com o novo valor, ela viu seus planos irem por água abaixo. Seria a sua segunda viagem para o exterior e a primeira do marido.
A saída encontrada pelo casal foi comprar um pacote de viagem doméstico. “Mudamos de pacote na hora de fechar o negócio. Só não queríamos passar o réveillon aqui.”
O novo destino é bem mais barato. Agora, o casal vai passar o ano-novo em Vitória, no Espírito Santo. Pelos também quatro dias na capital capixaba, eles desembolsaram R$ 2,7 mil, um valor ligeiramente acima do que previa o orçamento inicial para o Uruguai.
A CVC afirma que as variações do câmbio não chegam a interferir nas vendas de pacotes de viagens ao exterior. A empresa informa que, pelo fato de fazer reservas em grandes volumes com seus fornecedores, consegue manter os preços estáveis e reverter esse benefício em promoções de câmbio reduzido aos clientes.
“Os consumidores costumam planejar a viagem internacional com antecedência e preferem absorver essas diferenças do câmbio no parcelamento em até dez vezes sem juros”, informa a companhia.
Mas não foi o caso do casal, que pagou o pacote à vista e deixou para comprar a viagem apenas dois meses antes da data do embarque. Apesar da frustração com a viagem internacional, Magda observa que em alguns casos ainda é mais interessante, do ponto de vista econômico, ir para o exterior do que fazer viagens pelo País. “Um pacote para Lençóis Maranhenses está saindo por R$ 7 mil. Nesse caso vale mais a pena ir para fora”.
Planos. Escaldada com a recente alta do dólar, Magda começou a mudar seus planos em geral, não apenas os de viagem. No ano que vem, por exemplo, ela pretendia viajar para a Europa com o marido para comemorar o aniversário de casamento, mas agora vai adiar o passeio. “Mudei de ideia”, diz.
A cautela também se estende para outros gastos. O casal tinha intenção de comprar uma nova casa, menor e mais adequada às suas necessidades. “Não vou fazer nada e ficar onde estou”, diz Magda, que trabalha no setor administrativo de uma universidade. “Pelo que estamos vendo, 2015 será bem pior”. Além do pacote de viagem, Magda ainda não sentiu o impacto do dólar nos preços dos produtos da sua cesta de compras. “Mas a minha filha que trabalha com estética diz que os preços de vários cremes importados deram subiram.”/ M.C.