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Ex-ministro da Agricultura e coordenador do Centro de Agronegócios da FGV

Opinião|Agricultura regenerativa

Novo conceito será assunto relevante nos próximos anos em todo o mundo

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Por Roberto Rodrigues

O mercado de produtos biológicos e naturais cresce aceleradamente no Brasil. E a prática de produção sustentável tem sido fortemente implementada pelos produtores rurais empreendedores e inovadores. Basta verificar o espetacular aumento do plantio direto na palha (processo que revolucionou o preparo do solo, evitando a aração do terreno) e a ampla adoção de bactérias fixadoras de nitrogênio no solo a partir de inoculantes misturados às sementes de grãos na hora do plantio. Isso economiza bilhões de dólares em fertilizantes nitrogenados.

Trata-se de algumas mudanças de enfoque. Os saltos de produtividade dos últimos 35 anos se deveram à genética de melhoramento, fertilização do solo e mecanização. Agora, o mundo rural avalia ações ligadas à biologia.

Agronegócio tem ganhado cada vez mais força com a pandemia. Foto: Epitácio Pessoa/Estadão

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São práticas que se inserem na chamada agricultura regenerativa, conceito criado há 40 anos nos Estados Unidos pelo pesquisador Robert Rodale, com a visão de associar a saúde do solo à saúde humana a partir da produção agrícola sustentável.

O conceito assim colocado está fundamentado na eficiência produtiva, promovendo a reabilitação e a manutenção das culturas e do sistema de produção agropecuária, atuando a favor da biodiversidade, da preservação de matas nativas e do armazenamento de recursos hídricos.

Parece complicado, mas não é tanto. O que se busca, em última instância, é: produzir alimentos com alta densidade nutricional e livre de contaminantes, a não contaminação de lençóis freáticos com resíduos químicos e a alta da taxa de sequestro de carbono da atmosfera pelo solo. Mas, se não é tão complicado, tampouco é trivial: a atividade precisa ser lucrativa e isso demanda muita tecnologia e ciência, conhecimento da microbiologia, da física e da química do solo, das condições de clima, de fisiologia vegetal, adaptabilidade de cultivos, para dizer o mínimo. O que realmente importa é o uso de boas práticas agrícolas, objetivando segurança alimentar com sustentabilidade. O Brasil vem tendo um papel protagônico nesse movimento.

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Considerando o uso dos inoculantes em soja e em outras culturas, mais de 30 milhões de hectares já são explorados com o uso de produtos biológicos.

Ninguém imagina que os insumos convencionais, como agroquímicos e fertilizantes, serão eliminados. Mas o crescimento da preocupação global, sobretudo entre a juventude, com a necessidade de produção sustentável de alimentos com a preservação de recursos naturais contribuirá com o maior uso de biológicos, que poderão melhorar a eficiência dos químicos e, por conseguinte, aumentar o patamar de produtividade e rentabilidade das áreas que os utilizarem.

Na verdade, isso implica uma nova visão de mundo, para além da agropecuária. No limite, a agricultura regenerativa pode ser vista como um agente de paz, pelo aumento da oferta de alimentos, e de saúde, pela melhoria da microbiologia do solo. 

Em resumo, o conceito geral impõe o reconhecimento de que tão importante quanto definir o QUE produzir será escolher o COMO produzir. E isto combina com a necessidade de redução das emissões de gases de efeito estufa e com temas inovadores como o “green deal” muito discutido na Europa e que não tardará a avançar para outros países, como China e Estados Unidos. Ou como a consideração crescente sobre a importância da pegada de carbono para efeito de barreiras comerciais.

Agricultura regenerativa será assunto relevante nos próximos anos em todo o mundo, e o Brasil já vai marcando uma posição inovadora quanto a ele.

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* EX-MINISTRO DA AGRICULTURA E COORDENADOR DO CENTRO DE AGRONEGÓCIOS DA FUNDAÇÃO GETÚLIO VARGAS

Opinião por Roberto Rodrigues
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