O presidente da França, Nicolas Sarkozy, defendeu mais uma vez, ontem, no Fórum Econômico Mundial, em Davos, que o G-20 promova a regulação do mercado de commodities agrícolas e de petróleo, para evitar as grandes oscilações de preço. Para ele, a atual disparada do preço dos alimentos e do petróleo é uma das principais ameaças à recuperação global. A alta das commodities provoca pressões inflacionárias e possível redução de consumo, além de risco de fome em países pobres. Por outro lado, o aumento do preço das matérias-primas beneficia países produtores.Em sua defesa enfática de maior regulação dos mercados agrícolas, Sarkozy citou o Brasil: "É por isso que eu digo aos nossos amigos produtores de matérias-primas agrícolas, e eu penso na Índia, penso no Brasil, que não se trata de impedi-los de lucrar com a alta de preços, eu entendo isso; eu digo apenas, atenção - a um período de aumento exponencial de preço se segue geralmente um período de baixa exponencial do preço, que deve alimentar seus camponeses".A posição do Brasil sobre esse assunto é de que o necessário não é a regulação do preço de commodities, mas sim a redução do excesso de subsídios e intervenção governamental nos mercados agrícolas. Sarkozy foi um dos principais participantes de ontem do Fórum Econômico Mundial, sendo entrevistado por Klaus Schwab, chairman e fundador do evento. Assumindo o papel de grande defensor da regulação, ele abordou o tema não só em relação ao mercado financeiro, mas também nas commodities. Ele notou que os levantes populares contra a alta dos alimentos - que tiveram um pico em 2008, e voltaram nas últimas semanas - são fontes de instabilidade. "Os fazendeiros do mundo todo não podem mais alimentar seu gado porque o preço dos grãos disparou. Isso é razoável?", questionou.O presidente francês disse estar defendendo a regulação, mas não o excesso de regulação. Ele também incluiu o petróleo entre as commodities cujo mercado precisa de mais regulação, dizendo que não faz sentido nem o nível de US$ 140 por barril atingido em 2008 nem o preço mínimo de US$ 40 no pior momento da crise global. Sarkozy destacou que Gordon Brown, ex-primeiro-ministro britânico, disse aos países produtores de petróleo que o barril a US$ 140 ameaçava o futuro da exploração, ao incentivar a pesquisa e a produção de substitutos. Segundo ele, a disparada do preço do petróleo, como a dos alimentos, ameaça a recuperação global: "Nunca se viu crescimento sem energia".
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