O ministro do Desenvolvimento, da Indústria e do Comércio, embaixador Sérgio Amaral, faz hoje uma visita à Argentina acompanhado por uma comitiva de empresários. O anúncio desta viagem gerou polêmica entre os empresários argentinos porque o presidente do Grupo Brasil, Elói de Almeida, afirmara, há duas semanas, que o momento é ideal para comprar empresas argentinas. A declaração do titular da entidade que reúne as 200 maiores empresas brasileiras na Argentina não foi bem recebida porque, de fato, as empresas argentinas estão em oferta. Elói de Almeida não está errado mas os empresários argentinos não gostaram da declaração porque a crise e a desvalorização do peso reduziram os valores em dólares de suas empresas. Risco Os investidores estrangeiros estão de olho na oportunidade mas também sabem que o risco é alto. Somente no ano passado, as empresas argentinas que eram cotadas em Nova York perderam entre 7% a 88% de seu valor. As ADRs perderam de 2% até 54% desde que a desvalorização do peso foi anunciada. Em menos de três meses de desvalorização, o peso já perdeu 61% de seu valor. Existem empresas com problemas financeiros que não podem defender seu valor e vão perdendo ainda mais com o passar do tempo. Há outras que estão relativamente bem, com boas perspectivas mas não podem avançar por falta de crédito e de investidores locais. Objetivos Apesar da situação e do momento, o presidente do Grupo Brasil, Elói de Almeida, disse ao jornal La Nación que "não se está rifando as empresas argentinas", numa tentativa de apaziguar suas declarações anteriores. A Embaixada do Brasil em Buenos Aires nem mencionou o fato e divulgou somente que os objetivos da visita são os seguintes: a) Retribuir a visita que o ministro da Produção da Argentina, Ignacio de Mendiguren, realizou ao Brasil, em 13 de fevereiro de 2002; b) Demonstrar a disposição do Governo brasileiro de reforçar a parceria estratégica com a Argentina e de fortalecer o Mercosul nas suas dimensões interna e externa; c) Incentivar a aproximação dos empresários e entidades empresariais dos dois países, tanto para ampliar as relações econômico-comerciais bilaterais, quanto para desenhar estratégias de exploração de terceiros mercados; b) Trabalhar juntamente com o lado argentino na desobstrução dos canais de comércio e de pagamentos com o objetivo de promover um crescimento do intercâmbio comercial e econômico bilateral. Nesse contexto, discutirão a retirada das restrições de comércio em ambos os lados, inclusive uma liberalização progressiva do acordo automotivo no Mercosul. O ministro Sérgio Amaral terá um café da manhã com seu par argentino, Ignacio de Mendiguren, seguido por uma reunião de trabalho. Depois, almoçará com os representantes do Grupo Brasil e manterá encontros com analistas argentinos. Por último, Sérgio Amaral se reunirá com o secretário de Relações Exteriores, embaixador Jorge Faurie. Leia o especial