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Serviços pesam mais no bolso em SP do que em NY

Preços de atividades simples, como ir à academia ou almoçar fora, assustam os turistas e também quem trocou os EUA pelo Brasil

Por Sílvio Guedes Crespo, GUSTAVO CHACRA, CORRESPONDENTE e NOVA YORK

Um morador de Nova York, ao acordar no domingo para ir à academia Reebok, almoçar um hambúrguer com um vinho chileno Casillero del Diablo no PJ Clarke's, assistir a um filme no cinema no Lincoln Center, checar os emails no iPad tomando um café, pegar um táxi e encerrar o dia em um show de jazz terá um gasto menor do que um paulista fazendo programas similares em São Paulo.E isso inclui ir ao mesmo restaurante (PJ Clarke's, com filial no Itaim), beber o mesmo vinho e frequentar a academia da mesma marca (Reebok). Apenas os gastos com aluguel e anuidade escolar tendem a ser bem maiores em Nova York do que em São Paulo. Porém, em outras partes dos Estados Unidos, depois da crise imobiliária de 2008, mesmo os preços dos imóveis estão muitas vezes abaixo dos do Brasil. Esta diferença fez com que os brasileiros se tornassem a nacionalidade que mais compra apartamentos e casas na Flórida depois dos americanos."São Paulo cada vez me assusta mais. Ir a um bom restaurante por lá custa bem mais caro do que aqui em Nova York. Isso se aplica a um bom japonês e até mesmo a churrascarias", afirma o executivo Raphael Quintella, que vive nos Estados Unidos há cinco anos e sempre viaja ao Brasil a trabalho. "Um tempo atrás, fui ao Peter Lugar (um dos mais tradicionais de Nova York) e gastei US$ 70. Este valor já é considerado bem alto nos EUA. Porém outro dia almocei no Rodeio, em São Paulo, com um colega americano de trabalho e a conta saiu US$ 100 por pessoa." Miguel Archanjo, que se mudou recentemente para São Paulo depois de três anos em Nova York, ficou assustado com os preços nas lojas. "Um óculos de natação da Speedo que comprei nos EUA estava cinco vezes mais caro aqui (em São Paulo)", lembra. O economista também diz que a taxa do cartão de crédito "que eu pagava em um ano em Nova York equivale a um mês no Brasil". Sua mulher, a auditora Carolina, que acabou ter uma filha, cita também diferenças nos preços de carrinhos e cadeiras de bebê. "Não é à toa que muita gente de São Paulo viaja para Nova York para comprar o enxoval." Nos últimos anos, brasileiras têm ido aos Estados Unidos para comprar vestido de noiva.Transporte. A nutricionista Juliana Castro diz ser difícil comparar as duas cidades em alguns pontos. "Aqui eu ando de metrô e, em São Paulo, usava carro", diz. Ter um cachorro pode ser bem mais barato nos Estados Unidos, quando se leva em conta os preços de produtos para cães. No entanto, os serviços para pets ainda são mais baratos em São Paulo: "No Brasil, gastava R$ 20 para dar um banho na Mel, minha cadela. Em Nova York, custa mais de US$ 50", afirma.O consultor Paulo Kluber, que vive nos Estados Unidos há 20 anos, viaja ao Brasil quase todos os meses e reclama dos preços para estrangeiros em São Paulo. "Os hotéis, os táxis e mesmo as lembrancinhas nos aeroportos são muito caros."O professor de linguística Ricardo Gualda voltou a morar no Brasil em 2011, após sete anos nos Estados Unidos e se surpreendeu com a diferença de preços ao mobiliar a casa. Comprou uma mesa e seis cadeiras por R$ 2,4 mil. Segundo ele, um mobiliário igual em Nova York sairia pelo equivalente a R$ 1.000.Ele lembra que, em 2004, pagou "uma mixaria" pelo carro Mitsubishi Eclipse ano 1994: US$ 1,5 mil. Vendeu pelo mesmo valor em 2008. "O carro era velho, mas estava em bom estado. No Brasil acho que eu compraria um fusca 1970 com esse dinheiro", brinca.Imóveis. Um apartamento de dois quartos de 100 metros quadrados no Upper West Side, de Nova York, ainda pode sair pelo triplo do preço de um imóvel equivalente em São Paulo (veja tabela ao lado).Mas o advogado Marcello Hallake, que em 2012 virá morar na capital paulista depois de 19 anos nos Estados Unidos, lembra que os juros americanos são bem mais baixos - é possível financiar uma residência em 30 anos, pagando 3% ao ano. No Brasil, o prazo médio do crédito imobiliário é de 13 anos, com taxa média de 12% ao ano, segundo o Banco Central.Hallake, que vive entre Nova York e São Paulo, observa que é recente essa alta relativa dos preços no País. "Alguns anos atrás, eu comprava roupas no Brasil, mas agora ficaram muito mais caras. Quase tudo agora é mais vantajoso comprar nos EUA."A anuidade em uma escola como a Ethical Culture School, em Nova York, sai por R$ 66 mil, o equivalente a R$ 5,5 mil mensais. Em São Paulo, o Colégio Santa Cruz cobrava no ano passado uma mensalidade de até R$ 1.790, segundo uma pesquisa da publicação Guia Escola.

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