O setor de hipermercados, supermercados e minimercados puxou a fila nas abertura de novas lojas no ano passado, com 54,09 mil pontos de venda e um pouco mais de um quarto do saldo das inaugurações, aponta o estudo da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) que, a partir de agora, será divulgado trimestralmente. Na vice-liderança, estão as lojas de eletrodomésticos e utilidades domésticas (38,72 mil), seguidas por lojas de artigos de vestuário, calçados e acessórios, com 28,34 mil novos pontos de venda.
A liderança dos setores de supermercados e eletrodomésticos na abertura de lojas é reflexo do consumo doméstico que ganhou prioridade com o isolamento social imposto pela pandemia, afirma o economista-chefe da CNC, responsável pela pesquisa, Fabio Bentes.
O Carrefour, por exemplo, líder do varejo de supermercados em vendas, abriu 15 lojas de proximidade no ano passado, das quais 14 de vizinhança e um supermercado. Em 2020, tinham sido 12 lojas: 10 de vizinhança e dois supermercados.
“Em 2020 fizemos o que tinha sido previsto em 2019 e seguramos um pouco, esperando a pandemia passar”, conta João Gravata, diretor de Proximidade do Grupo Carrefour. Mas em 2021, a empresa correu para aprovar e colocarem operação mais lojas num curto espaço de tempo.
O que motivou esse avanço foi a oportunidade de mercado que se abriu com a pandemia. “Identificamos áreas que não estavam sendo plenamente atendidas.” A pandemia fez aflorar uma demanda por alimentos muito próxima da casa dos brasileiros por causa das restrições à circulação. Por isso, a varejista apostou em lojas de vizinhança, especialmente as autônomas, aquelas que funcionam 24 horas dentro de condomínios, sem a interação com os vendedores.
Hoje o Grupo tem 144 lojas de proximidade com a bandeira Express e a perspectiva para 2022 é acelerar a abertura de pontos de venda nesse formato na Grande São Paulo.
Online
Nos eletroeletrônicos e nos artigos de vestuário, a multiplicação de abertura de lojas físicas está sendo turbinada pelo varejo online, que avançou com a pandemia e transformou os pontos de venda em mini centros de distribuição.
A Via, por exemplo, dona das bandeiras Casas Bahia e Ponto, abriu 101 lojas no ano passado. Foi um recorde anual na nova administração iniciada em 2019. A maior parte dos novos pontos de venda foi inaugurada nas regiões Norte e Nordeste.
“Estamos evitando falar em loja, mas em centro de relacionamento com o cliente”, afirma Abel Ornelas, vice-presidente de Operações da Via. Ele explica que a loja virou um hub logístico também e acaba agilizando as entregas das vendas do comércio online. “Quando abrimos uma loja numa cidade nova, a nossa venda pelo e-commerce praticamente triplica”, diz. A intenção da companhia é manter o ritmo de abertura de lojas de 2021 neste ano, com um plano de expansão focado no Norte e Nordeste.
A centenária Pernambucanas, especializada em artigos de vestuário, abriu no ano passado 56 lojas, com foco nas regiões Norte e Nordeste. Foi um recorde histórico da empresa que no ano anterior tinha inaugurado 38 pontos de venda.
Sergio Borriello, CEO da Pernambucanas,diz que a expansão para novos Estados abriu novas possibilidadesque levam obviamente à expansão das vendas digitais. “Queremos ocupar fisicamente, chegar digitalmente e aproveitar a memória afetiva que existe com a marca.”
O executivo explicaque as lojas do Grupo acabam virando “dark stores”, isto é um canal para os revendedores diretos da marca e uma ponte para entregar mais rapidamente os produtos comprados no online. Um fator que tem ajudado nessa expansão acelerada neste momento, segundo o executivo, é que o fechamento de lojas que houve com a crise tem facilitado a negociação na locação dos pontos de venda.
Para este ano, a intenção da companhia é, ao menos, manter o ritmo de inaugurações de 2021, com foco nos Estados do Norte e Nordeste. Hoje a varejista tem 466 lojas em 14 Estados e no Distrito Federal.
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