PUBLICIDADE

Publicidade

Com juro em alta e incertezas na Bolsa, investidores migram para a renda fixa

 Fundos conservadores captaram R$ 26,4 bilhões no primeiro semestre, ante R$ 2,7 bilhões dos fundos de ações; especialistas preveem mais migração

Atualização:

As projeções de aumento da taxa básica de juros (Selic) nos próximos meses e as fortes oscilações da Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) têm provocado a migração de muitos investidores para a tradicional renda fixa.

PUBLICIDADE

Dos R$ 39 bilhões captados (diferença entre saques e aplicações) por todas as categorias de fundos de investimento no primeiro semestre do ano, R$ 27,4 bilhões tiveram como destino os fundos de renda fixa, segundo dados da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima). Os fundos de previdência vêm na sequência, com R$ 7,3 bilhões de captação líquida.

"Os investidores estão preocupados com o que vai acontecer com o juro. Para garantir a rentabilidade do investimento, estão caminhando para a renda fixa", diz Rafael Paschoarelli, professor da Fundação Instituto de Pesquisas Contábeis, Atuariais e Financeiras (Ficepafi). Outros fatores, como as oscilações na Bolsa e incertezas sobre o desenrolar da crise europeia, também são pontuados pelo especialista como inibidores de investimentos mais arriscados. Paschoarelli salienta que hoje é possível montar uma carteira com títulos públicos que rendam 12,5% ao ano. "Isso é muito expressivo e muito atrativo." Ainda de acordo com dados da Anbima, os fundos de renda fixa tiveram rentabilidade média de 0,9% em junho. Rogério Bastos, diretor da consultoria FinPlan, concorda com o professor da Fipecafi. "A rentabilidade da renda variável não está boa. E há o aumento dos juros. Esses dois fatores farão com que o movimento para a renda fixa continue por alguns meses", avalia Rogério Bastos, diretor da consultoria FinPlan. Perfil do investidor O forte volume de recursos inserido nos fundos de renda fixa no semestre, segundo os especialistas, mostra que, neste momento, tanto os investidores conservadores quanto os agressivos estão nesse tipo de fundo. "O juro real brasileiro está muito alto. Nesse ritmo, só renda fixa dá lucro. Até os investidores agressivos estão optando pelo investimento mais tradicional", diz Bastos. Para o investidor agressivo, correr para a renda fixa é uma forma de garantir a manutenção de parte do capital para, em breve, voltar a especular na Bolsa, segundo a percepção do consultor. "É uma tendência normal", completa Fábio Colombo, administrador de investimentos. Como escolher o fundo Apesar do otimismo dos especialistas em relação à rentabilidade dos fundos mais conservadores, eles afirmam que é preciso pesquisar antes de entrar no investimento. Olhar o volume do patrimônio líquido do fundo é o primeiro passo. "Patrimônio líquido alto não é bom", diz Paschoarelli. "Porque, se for necessária uma mudança de rota dos investimentos, é mais difícil fazê-la se o volume de recursos for muito grande", explica. Checar o porcentual cobrado de taxa de administração é outra recomendação essencial. "Quanto maior o volume aplicado, mais baixa é a taxa", diz Colombo. O administrador afirma, porém, que é preciso pesquisar para encontrar um fundo com custos menos significativos. "São muitas modalidades de fundo em cada uma das instituições. Se pesquisar, dá para encontrar boas opções."

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.