BRASÍLIA – O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, afirmou nesta terça-feira, 13, ter uma posição inflexível sobre a continuidade das obras da usina nuclear de Angra 3 – que, na visão dele, devem ser retomadas. O posicionamento já foi levado ao ministro da Casa Civil, Rui Costa. Silveira acrescentou, contudo, que não há uma definição final sobre o tema.
Os estudos de modelagem estão sendo finalizados pelo BNDES, com apontamentos da unidade técnica do Tribunal de Contas da União (TCU). A palavra final é do Conselho Nacional de Política Energética (CNPE), atualmente presidido por Silveira.
“Fiz quase que uma dezena de reuniões esse ano com o BNDES. É uma obra de Estado e não de governo. Nenhum governo tem o direito de enterrar R$ 20 bilhões de brasileiros que estão naquela obra”, declarou o ministro. “Minha posição é uma defesa intransigente da continuidade de Angra 3. Não vamos carregar aquele mausoléu para servir de visitação pelo mundo enxergando aquilo como fracasso de gestão do governo brasileiro″, acrescentou.
Eletronuclear
O titular da pasta de Minas e Energia também fez uma forte crítica à Eletronuclear, estatal que administra e opera as usinas nucleares no País, que teria virado um “problema” para o País, na visão de Silveira.
“A Eletronuclear não é uma empresa saneada, dinâmica e eficiente. Vivemos um momento em que todo mundo quer ficar livre da Eletronuclear”, disse em audiência na Câmara com a presença do presidente da Eletronuclear, Raul Lycurgo.
Como mostrou o Estadão, o governo Lula negocia trocar parte das ações que tem na Eletrobras para assumir o controle total da Eletronuclear. A permuta é parte dos termos que estão sendo discutidos no acordo para que o governo aumente a sua representação no comando da Eletrobras.
Atualmente, o governo tem 43% do capital social da Eletrobras. A venda de parte dessa fatia, na visão dos negociadores da União, manteria a posição majoritária do governo e, em troca, resolveria o impasse em torno da participação que a União deseja ter no conselho de administração da empresa.
A venda de ações da União na Eletrobras deve ficar entre 1% a 2%, segundo interlocutores do governo ouvidos pela reportagem. O acordo está no ajuste fino e tem no escopo central a participação da União no Conselho Administrativo da empresa privatizada em 2022. A avaliação é que ambas as partes estão dispostas a ceder nas negociações.
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