Estatísticas mostram que o número de demissões no Reino Unido cresceu mais de 60% entre outubro e dezembro. Mas e aqueles que ficaram para trás, os "sobreviventes"? Normalmente eles são os "sortudos". Ainda têm um trabalho para o qual se levantam todas as manhãs. Mas, para os que temerosamente olham para a sequência de mesas vazias e, para completar, carregam o trabalho acumulado, também não são tempos fáceis. Na maioria dos casos, o número de desafortunados destinados a limpar suas mesas é menor que o dos que ficam. E é aí que os problemas começam, explica Andrew Kinder, psicólogo da Atos Healthcare. "Os empregadores focam na redução do número de cabeças: como diminuir a equipe de forma rápida e dentro da lei. Os cortados ganham orientação para escrever um novo currículo e participam de workshops de carreiras", diz Kinder. "E os que ficaram simplesmente têm de assimilar a situação. Gestores muitas vezes têm uma visão curta da realidade." Acredita-se que os que ficaram serão gratos por escaparem da demissão e trabalharão mais como resultado. "Já ouvi gestores dizendo ?cortamos alguns, espero que a permanência de vocês os motive?", relata Paolo Moscuzza, diretor da ER Consultants. Não funciona assim. Pode haver uma sensação - acompanhada de culpa - de alívio, mas a lealdade ao trabalho já foi abalada. E substituída por cochichos, papos no boteco sobre novas oportunidades e a vontade de continuar no emprego só até aparecer algum lugar novo que trate melhor os funcionários. Pawel Bulski, gerente em uma empresa de TI inglesa, foi demitido em janeiro, com dois outros colegas. Recebeu os encargos devidos. "Mas todos se surpreenderam. Não havia comunicação sobre o que acontecia na companhia, o clima ficou péssimo." "O mais importante é ser honesto", diz Mike Emmott, consultor de RH do Chartered Institute of Personnel and Development. "Mesmo se você não sabe o que vai acontecer à empresa, pode prometer manter seus subordinados informados." Pessoas diferentes vão reagir de maneiras diferentes. Alguns vão trabalhar mais, outros ficarão apáticos. Funcionários mais jovens podem precisar de maior atenção, por nunca terem passado por crises. Evite conversas "discretas" ou e-mails. Os sobreviventes precisam ser informados e tratados diretamente. Tente traçar qual será o novo papel de cada um. Octavius Black, diretor da consultoria The Mind Gym, aconselha: "As pessoas estarão passando por uma montanha-russa emocional. Você precisa orientá-las e ajudá-las a recuperar o controle. Um pouco de sensibilidade fará muita diferença."