PUBLICIDADE

Publicidade

Socorro à Espanha não convence mercados

Dúvidas sobre o pacote de resgate de até 100 bi aos bancos espanhóis e desmentido em relação ao papel do FMI derrubam bolsas europeias

Por ANDREI NETTO, CORRESPONDENTE e PARIS

Os mercados financeiros da Europa reagiram com cautela ontem, dia do primeiro pregão após o socorro de até € 100 bilhões concedido pela União Europeia e pelo Banco Central Europeu (BCE) para o sistema bancário da Espanha. Com exceção de Frankfurt, as bolsas de valores fecharam em baixa, em sinal de que o plano não reduziu a tensão criada pela crise das dívidas. Pelo contrário: ontem a Itália voltou a ser o centro de atenções, aumentando o temor de que o país possa ser a próxima vítima da turbulência. A reação dos mercados começou positiva pela manhã, quando as bolsas mais importantes abriram em altas de até 3%, tomadas pelo otimismo. Ao longo do dia, porém, as dúvidas sobre a capacidade de a União Europeia adotar medidas estruturais contra a crise pesaram mais. Em Londres, o índice FTSE 100 ficou estável, em 0,05%. Já em Paris, o CAC 40 perdeu 0,29% e em Madri, o Ibex caiu 0,54%. O pior resultado foi da Bolsa de Milão, onde o MIB fechou em forte baixa: 2,79%.Ao longo do dia, diferentes autoridades europeias e representantes do sistema financeiro saudaram o pacote de socorro aos bancos da Espanha. Em Paris, o presidente da Federação Bancária Francesa (FBF), Frédéric Oudéa, também diretor-presidente do banco Société Générale, classificou o resgate como "boa resposta no bom momento". "Os € 100 bilhões permitirão responder às necessidades", disse ele. As frases fortes, porém, não dissolveram as dúvidas. À tarde, a agência de rating Fitch anunciou o rebaixamento das notas de dois gigantes do sistema bancário espanhol, Santander e BBVA, que passaram a BBB+. A classificação é um nível acima da nota da Espanha, BBB, o que foi interpretado como sinal de confiança nas maiores instituições financeiras do país. "É uma exceção que bancos tenham notas acima da nota de seu país de origem", informou a agência, justificando que ambas as instituições atuam em diferentes partes do globo - inclusive no Brasil - e têm "forte performance financeira". Intervenção. As más notícias continuariam ao longo do dia, quando o comissário europeu de Concorrência, o espanhol Joaquín Almunia, e o ministro de Finanças da Alemanha, Wolfgang Schaueble, desmentiram o primeiro-ministro da Espanha, Mariano Rajoy, e informaram que o país receberá supervisão externa. Como ocorre na Grécia, na Irlanda e em Portugal, técnicos do Fundo Monetário Internacional (FMI), da Comissão Europeia e do BCE acompanharão as metas de redução do déficit e da dívida do país. "O FMI não financia nem cofinancia o plano, mas é associado nos trabalhos de supervisão", disse Almunia.Outra fonte de preocupação dos investidores foi a Itália. Ontem, os juros por títulos da dívida soberana emitidos por Roma com validade de 10 anos superaram os 6% - trajetória idêntica ao que ocorreu com a Espanha antes do socorro. / COM AFP e EFE

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.