O socorro de R$ 2 bilhões da Caixa Econômica Federal para a Petrobrás soa como um sinal de alerta para o mercado, afirma o presidente do Centro Brasileiro de Infra-Estrutura (CBIE), Adriano Pires. Para ele, a principal questão é em relação ao valor, considerado pequeno quando comparado aos números da estatal. Segundo o governo, somente neste ano, os investimentos da Petrobrás devem ficar em torno de US$ 60 bilhões. "O que a gente percebe é que esse dinheiro deve ter sido tomado para capital de giro. Nesse sentido é que preocupa, pois chama a atenção de que a Petrobras deve estar com algum problema de caixa", diz Pires. Empréstimo à Petrobras preocupa, diz especialista Monitor online: os sintomas da crise financeira no País A empresa estatal teve um lucro líquido de R$ 10,85 bilhões no terceiro trimestre de 2008 e de R$ 26,56 bilhões neste ano até o mês setembro. Apesar do faturamento recorde, o aumento dos gastos operacionais alarmou e fez com que o Credit Suisse rebaixasse a recomendação para a estatal de "outperform" para "neutra". Os analistas esperavam uma melhor margem Ebitda (cálculo de lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização). Segundo Pires, a Petrobrás tem agora três desafios para enfrentar. O primeiro é conviver com o preço do barril do petróleo em torno de US$ 50. O segundo é cortar despesas e o terceiro é enfrentar um crédito caro e escasso em decorrência da crise financeira. "Acho que essa explicação que está sendo dada de que a situação está complicada e a Petrobrás precisa manter os investimentos não explica muito", alerta Pires. Segundo ele, o custo operacional da empresa, que não aparecia quando o preço do barril estava mais de US$ 100, está ficando evidente agora. "Acho que vale a pena uma explicação. Pegar dinheiro em banco emprestado para investir faz parte do negócio, agora R$ 2 bilhões não é para investimento." O senador Aloizio Mercadante (PT-SP) afirmou ontem que o empréstimo feito pela Petrobras ao banco federal foi em substituição às linhas de crédito internacionais. De acordo com o senador Renato Casagrande (PSB-ES), o presidente da Petrobrás, Sergio Gabrielli, assegurou a ele que não há problema de caixa na empresa. Casagrande afirmou que a operação foi feita com a Caixa porque foi a instituição que apresentou as melhores condições de financiamento.