Em uma entrevista de emprego hipotética, você seria capaz de contar sua trajetória profissional de forma clara, concisa e detalhada em poucas palavras? E, caso fosse questionado sobre seu maior defeito, você saberia responder sem clichês, mantendo o tom adequado sem comprometer a vaga? Embora algumas perguntas possam parecer comuns, o nervosismo ou a falta de preparo podem reduzir suas chances de sucesso.
Passar uma boa impressão durante um processo seletivo pode parecer simples, mas requer algumas estratégias, independentemente do estágio da sua carreira.
Abaixo, descubra quais são as perguntas mais comuns em entrevistas, segundo especialistas ouvidos pelo Estadão, e como você pode responde-las com confiança.
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1. Pode me falar sobre você?
Para Marina Mezzetti, ex-diretora de RH e e fundadora da empresa Neuroeficiência, o candidato deve demonstrar alinhamento com a cultura e os valores da empresa. Conectar as experiências diretamente com o perfil da vaga também é indispensável.
Quando o recrutador pede para que o profissional fale de si mesmo pode ser uma boa oportunidade para contar uma história que explique como chegou à sua área e de que forma a sua trajetória se conecta com a função e os valores da empresa.
Mezzetti sugere o método P.E.A.: Perfil, Experiência, Adaptação.
- Perfil: apresente brevemente sua motivação para entrar na área e as características que o definem como profissional.
- Experiência: resuma resultados-chave, com exemplos concretos e números.
- Adaptação: Explique como suas habilidades se alinham com as necessidades da vaga e a cultura da empresa.
Exemplo:
“Desde muito jovem, sempre fui curiosa sobre como as marcas se conectam emocionalmente com as pessoas. Lembro de observar campanhas publicitárias e pensar no impacto que elas tinham no comportamento do público. Esse interesse me levou a escolher o marketing como profissão.
Sou formada em marketing e, nos últimos 5 anos, me especializei em estratégias digitais. Liderei campanhas que aumentaram as vendas em 30% e implementei uma automação de marketing que gerou um ROI (Return on Investment - retorno sobre investimento) de 150%. Percebo que [nome da empresa] valoriza inovação e dados para tomada de decisão, e isso está completamente alinhado com o meu perfil. Estou confiante de que minha experiência e paixão pela área podem contribuir para os objetivos da equipe.”
2. Qual é o seu maior defeito?
Neste caso, escolha algo real que não comprometa a vaga, mas que demonstre sua consciência e capacidade de evolução, pondera Marina Mezzetti.
Para posições de liderança, por exemplo, a sugestão é levar exemplos que mostrem como o desafio impactou o time e como você agiu para melhorar.
Primeiro, explique a situação, o que aprendeu e os resultados positivos após sua mudança de postura.
Exemplo:
“Percebi que tinha dificuldade em delegar no início da minha carreira, principalmente quando liderava projetos estratégicos. Lembro de um projeto em que centralizei tanto as decisões que acabamos atrasando o prazo final.
Depois dessa experiência, passei a trabalhar minha confiança na equipe e a estabelecer checkpoints para acompanhamento, sem microgerenciar. Em um projeto recente, graças à autonomia que dei à equipe, conseguimos entregar com 15% de antecedência. Hoje, vejo que essa mudança fez de mim uma líder mais eficiente e colaborativa.”

3. Onde você se vê daqui a cinco anos?
Sempre que surgir essa pergunte mostre ser um profissional ambicioso, mas com flexibilidade para se adaptar às oportunidades. Relacione seus objetivos com a função e os planos da empresa. Vale citar experiências anteriores que comprovem sua capacidade de crescimento.
Exemplo:
“Daqui a cinco anos, espero estar em uma posição de liderança estratégica. Quero continuar impactando resultados de forma significativa, como fiz ao liderar uma campanha que aumentou a base de clientes em 25% e impulsionou o engajamento em 40%.
Vejo essa posição como um passo essencial, porque me permitirá não só aplicar minhas habilidades, como também aprender com a cultura e as pessoas da [nome da empresa]. Acredito que, ao alinhar meus objetivos com os da organização, posso construir uma trajetória de impacto e realização para ambos os lados.”
Com essas abordagens, o candidato demonstra preparação, alinhamento com a empresa e clareza nos resultados que pode oferecer. Isso transmite confiança e aumenta a conexão com o entrevistador, mesmo em situações de pressão.
Marina Mezzetti, ex-diretora de RH e fundadora da Neuroeficiência
4. Qual foi o maior desafio que você enfrentou no trabalho e como resolveu?
Para essa pergunta, foque em situações reais. Uma possibilidade é usar a estrutura STAR (Situação, Tarefa, Ação, Resultado). Para não se perder em vários exemplos, escolha habilidades valorizadas para a vaga, orienta Philipp Reisinger, CEO da FIND HR, empresa de recrutamento de executivos, e fundador da Recrutaê, que atua no recrutamento digital.
O método STAR:
- Situação: episódio que vivenciou ou tarefa que precisou cumprir
- Tarefa: aqui detalhe as responsabilidades da tarefa que executou e os desafios que surgiram
- Ações: descreva as decisões que tomou para lidar com o problema enfrentado
- Resultados: conte os resultados e o aprendizado que a experiência proporcionou
Exemplo:
“Um dos maiores desafios que enfrentei foi durante minha experiência em uma startup em fase de crescimento, ainda sem muitas rodadas de investimento. Com recursos limitados, tive a missão de desenvolver um projeto do zero e, ao mesmo tempo, manter a equipe motivada diante das adversidades.
Após esgotar as alternativas previamente planejadas, procurei o apoio do meu líder direto e juntos buscamos novos parceiros para viabilizar o projeto. Arrisquei apostar em algumas sugestões estratégicas e uma delas trouxe o resultado esperado. Embora isso envolvesse um risco significativo de aumentar os custos da empresa, fui criterioso na abordagem e consegui minimizar os impactos.
A experiência me ensinou a lidar com a expectativa da equipe, equilibrar as pressões da liderança e manter resiliência para conseguir executar uma tarefa em um cenário de extrema dificuldade.”
5. O que você mais valoriza em uma empresa?
Evite generalizações e foque em aspectos específicos. Pesquise sobre a cultura da empresa e selecione algumas características que a definem para descrever com mais profundidade durante a entrevista. Assim você mostra que conhece a missão da companhia.
Por exemplo, se você está se candidatando a uma vaga de tecnologia em uma empresa tradicional, busque evidenciar os propósitos da organização.
Exemplo:
“Para mim, o que mais valorizo em uma empresa é a clareza nos processos. Trabalhar em um ambiente que tem um sistema organizado e onde as funções e responsabilidades estão claramente definidas faz toda a diferença para alcançar bons resultados.
Esse tipo de ambiente me motiva a contribuir com dedicação e a me esforçar para entregar resultados consistentes, alinhados aos valores e objetivos da empresa.”
6. Por que devemos te contratar?
Evite usar frases clichês, como ‘porque quero crescer na empresa’ ou ‘porque gosto do que faço’. Em vez disso, Philipp Reisinger sugere destacar o valor único que o profissional traz, utilizando exemplos concretos que evidenciem sua conexão com a cultura e o propósito da organização, sempre com um tom humilde, mas confiante.
Exemplo:
“Acredito que minha trajetória profissional e o meu perfil se alinham diretamente com os objetivos e desafios da empresa.
Venho de um histórico em que sempre busquei resultados consistentes, mesmo em contextos de pressão ou mudanças, e consegui transformar essas situações em oportunidades para crescer e agregar valor.
O que me diferencia é minha capacidade de analisar cenários complexos, identificar oportunidades e agir de forma estratégica. Por exemplo, em meu último projeto, fui responsável por implementar um processo que otimizou significativamente o fluxo de trabalho da equipe, reduzindo os custos operacionais em 20%.”
Para além das dicas mencionadas, a especialista em gestão de pessoas Erika Nahass destaca a importância de uma preparação para a entrevista.
Não só pesquise sobre a empresa, como também converse com pessoas que trabalham ou já participaram do processo seletivo.
Isso ajuda o candidato a responder de forma mais embasada quando questionado sobre seu interesse em fazer parte da organização.