Fazer intercâmbio pode ter inúmeros benefícios na carreira de um profissional qualificado. Além do desenvolvimento de características pessoais, a vivência no exterior traz fluência na língua do país de destino e valorização do currículo. Mas é preciso avaliar com calma todo o contexto e cenário que o intercambista vai enfrentar.
Antes de definir o destino é preciso avaliar o valor pago à agência especializada no ramo e o custo de vida local, qual o peso da moeda no país e as diferenças culturais. Outro ponto é ter consciência que, eventualmente, haverá gastos não programados, como despesas pessoais ou até mesmo de saúde - mercado, farmácia, entre outros.
Neste cenário, o presidente da Associação Brasileira de Agência de Intercâmbio (Belta), Alexandre Argenta, explica que um pacote de intercâmbio costuma ser vendido já com refeições, parte acadêmica e acomodação inclusos. Mas, além disso, há o custo do processo de visto e o seguro. “O estudante não pode sair do Brasil sem um seguro, porque, além do custo não ser um absurdo, se a pessoa não o tiver e precisar de algo, o gasto será bem maior”, diz ele.

Em relação ao custo-benefício, é necessário ter alguns cuidados já que existem inúmeros fatores quem podem tornar - ou não - um local ideal, e isso vai variar de acordo com o tipo - estudo de idioma, graduação ou pós, entre outros. Vale ressaltar que um bom custo-benefício não quer dizer barato.
Quais os destinos com melhor ‘custo-benefício’ para intercâmbio
A pedido do Estadão, a Associação Brasileira de Agência de Intercâmbio (Belta) listou os destinos em que os custos são mais vantajosos. Vale fazer uma ressalva importante por aqui: os valores que a Belta estimou são apenas para referência, ou seja, dão uma ideia do que a pessoa deve encontrar na hora de realizar uma cotação. Mas o valor final pode variar por inúmeros motivos, como cidade, serviços contratados, entre muitos outros. Isso significa, por exemplo, que o custo de vida pode ser reduzido se houver acomodação no pacote do cliente, mas isso não excluiria gastos com mercado. Além disso, para Dubai, a reportagem também conta com informações da ES Dubai. Dito isso, confira as médias:
Irlanda
Valor médio referente a um ano: de R$ 15 mil a R$ 17 mil por curso de inglês, podendo variar conforme a escola e cidade. O país também exige depósito, em conta local, de 3 mil euros - valor que pode ser atualizado para cerca de 4,5 mil euros a partir de julho;
Custo de vida mensal aproximado: R$ 5,7 mil, considerando como referência a capital do país, Dublin, segundo o Numbeo, site que reúne custos de vida de vários destinos;
Ponto positivo: investimento baixo em relação aos demais países, boa relação dos moradores com os brasileiros, estar na Europa e poder viajar sem visto;
Ponto negativo: acomodação com preços altos e muito disputada, além de clima frio e chuvoso em boa parte do ano.
Malta
Valor médio referente a um ano: de R$ 15 mil a R$ 17 mil por curso de inglês, podendo variar conforme a escola e cidade;
Custo de vida mensal aproximado: R$ 5,3 mil, considerando a capital do país, Valletta, como exemplo, segundo o Numbeo;
Ponto positivo: clima agradável em boa parte do ano, Mar Mediterrâneo e proximidade com países na Europa e norte da África. Além disso, o custo de vida é relativamente baixo, com boa qualidade de vida e lazer;
Ponto negativo: processo de permissão de trabalho difere dos demais e o país é muito pequeno territorialmente.
Nova Zelândia
Valor médio referente a um ano: cerca de R$ 38 mil, a depender de curso e cidade
Custo de vida mensal aproximado: R$ 5,4 mil, considerando a cidade de Auckland como exemplo, segundo o Numbeo;
Ponto positivo: qualidade de vida, salário mínimo alto, boa empregabilidade, esportes radicais variados e possibilidade de ir como turista, sem visto, por até 3 meses;
Ponto negativo: Distância do Brasil, passagens aéreas elevadas e clima mais frio em cidades específicas.
Canadá
Valor médio referente a um ano: de R$ 40 mil a R$ 50 mil, no curso co-op, que é o caso de quem estuda e trabalha no local;
Custo de vida mensal aproximado: R$ 5,3 mil, considerando Toronto como exemplo, segundo o Numbeo. Além disso, para conseguir o visto de 12 meses, o país solicita uma comprovação financeira de 10 mil dólares canadenses;
Ponto positivo: alta qualidade de vida e possibilidade de aprender um 3° idioma - francês, que também é língua oficial no país;
Ponto negativo: frio é muito intenso, principalmente entre dezembro e janeiro.
Austrália
Valor médio referente a um ano: considerando curso de inglês de cerca de 50 semanas, gira em torno de R$ 45 mil, a depender da cidade ou escola;
Custo de vida mensal aproximado: R$ 5,9 mil, considerando Sydney como exemplo, de acordo com o Numbeo;
Ponto positivo: clima muito parecido com o do Brasil, salário mínimo mais alto do mundo e qualidade de vida elevada;
Ponto negativo: distância do Brasil e preço das passagens aéreas.
Emirados Árabes - Dubai
Valor médio referente a um ano: entre R$ 22 mil (dados da ES Dubai) e R$ 50 mil (da Belta), podendo variar conforme a escola e cidade
Custo de vida mensal aproximado: R$ 5,3 mil, considerando Dubai como referência, segundo o Numbeo;
Ponto positivo: permissão de trabalho desde o primeiro dia no país; não precisa comprovar renda; estudantes podem trabalhar sem limite de horas, apenas vinculando o estudo no mesmo período; facilidade com o visto de estudante, em que a própria escola realiza a solicitação; além disso, não exige compra da passagem aérea de volta ao Brasil;
Ponto negativo: pode ser muito quente em algumas épocas do ano.
A CI Intercâmbio também realizou levantamento, a pedido do Estadão, e destacou que a África do Sul pode ser um destino interessante quando pensamos em custo-benefício. Os valores consideram período de seis meses no país.
África do Sul
Valor paras 6 meses de intercâmbio: em torno de R$ 19 mil
Custo de vida mensal aproximado: R$ 6 mil, contando com moradia e refeição
Ponto positivo: custo de vida baixo, clima parecido com o Brasil e distância menor. Além disso, para estar na África do Sul por até 90 dias, não é preciso visto
Ponto negativo: poucas opções de voos, o que pode encarecer a passagem
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Quais os custos na hora de se fazer um intercâmbio?
Com auxílio do presidente da Associação Brasileira de Agência de Intercâmbio (Belta), Alexandre Argenta, o Estadão elencou o que mais deve pesar no orçamento do intercambista. Confira a seguir:
- Passagem aérea: talvez um dos mais óbvios, mas que faz uma diferença enorme no orçamento;
- Dinheiro para necessidades básicas: mesmo com refeições no pacote, a pessoa terá de ir ao mercado, almoçar, eventualmente realizar passeios;
- Exigência de depósito: alguns países exigem um depósito em conta local para liberação de visto. Na Irlanda, por exemplo, são 3 mil euros - e existe uma possibilidade de este valor aumentar para algo próximo de 4,5 mil euros, a partir de julho;
- Visto: no Brasil, quem mora perto de um consulado vai apenas arcar com as taxas necessárias. Mas, para quem é de cidade ou Estado longe do local, será necessário viajar, talvez até gastar com hospedagem, para conseguir as autorizações;
- Seguro viagem: algo indispensável. O custo não é tão “absurdo”, de acordo com Argenta. Caso o intercambista não o tenha e, eventualmente, necessite de algum auxílio ou atendimento, vai precisar gastar muito mais dinheiro
Qual o intercâmbio mais barato para se fazer?
De acordo com Argenta, da Belta, existe um tipo de intercâmbio nos Estados Unidos que se diferencia dos demais pelo custo: trabalho como babá - baby-sitter. Segundo ele, existe um visto específico para isso, que, incluindo com taxas, tudo deve ficar em torno de R$ 5 mil. A autorização dura por um ano, podendo ser prorrogada por mais um. É necessário experiência prévia. “Geralmente, a família americana deixa carro à disposição, para trajeto das crianças, celular para comunicação, além de um salário, que pode chegar a US$ 500 por mês”, explica.