Suspeitas retardaram o projeto

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Por Redação
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Ele nem havia terminado a Estrada de Ferro Carajás, entre o Pará e o Maranhão, e já estava debruçado sobre o projeto da Ferrovia Norte-Sul - um empreendimento que caiu nas graças do então presidente da República, José Sarney. Mas o engenheiro Paulo Augusto Vivacqua, ex-funcionário da Vale que se tornou presidente da estatal Valec, nem imaginava que o projeto fosse capaz de provocar uma comoção nacional. Negativa.Em 1986, um ano após ter tomado posse, Sarney chamou Vivacqua para uma conversa em seu gabinete. Ele já havia conhecido alguns detalhes da Ferrovia Norte-Sul antes de se tornar presidente e agora queria levar adiante o projeto, que integraria seu Estado (Maranhão) ao Sul do País. Ali era criada a estatal Valec, responsável pela construção da ferrovia.O dinheiro para construir a obra estava praticamente garantido. Uma estatal alemã se interessou pelo projeto e chegou a assinar um termo de compromisso com o Brasil para financiar o empreendimento, lembra Vivacqua. "Mas os americanos interferiram e fizeram os alemães desfazerem o acordo. O episódio foi um aviso ao Brasil para pagar o que devia antes de pegar empréstimos."Sem dinheiro em caixa e com o País inteiro contra a construção da ferrovia, parecia que nada mais poderia ocorrer de ruim. Mas ocorreu. A Valec foi acusada de promover um processo fraudulento de licitação para contratar as empresas de construção civil. A concorrência foi cancelada e foi feita nova licitação."Não houve nenhuma fraude. O resultado que colocaram no jornal era óbvio, já que cada empresa disputava um lote", destacou Vivacqua, referindo-se ao anúncio publicado no dia da abertura dos envelopes antecipando o resultado da licitação. Hoje, com 71 anos de idade, o engenheiro avalia que a campanha contra a Norte-Sul foi, no mínimo, desumana, um ato de covardia."As críticas e acusações foram tão fortes que três de meus diretores morreram, além de um outro ter sofrido um colapso nervoso." Segundo ele, se tudo que diziam fosse verdade ele estaria rico. "Ao contrário, moro num apartamento de dois quartos em Ipanema e não tenho carro."

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