A Secretaria de Acompanhamento Econômico do Ministério da Fazenda (Seae) está concluindo uma análise detalhada sobre o impacto das tarifas de energia elétrica sobre a inflação. A falta de chuvas, o comportamento do câmbio e a alta das cotações internacionais do petróleo estão pressionando por uma elevação das tarifas acima do esperado. "Vamos analisar com cuidado, empresa por empresa, contrato por contrato", disse um técnico. O Banco Central, na última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) elevou de 12% para 15,8% as estimativas de reajuste médio das tarifas. A revisão para cima, conforme informa a ata do encontro, foi feito "à luz das autorizações já concedidas pela Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) este ano." O trabalho que está sendo feito pela Seae é uma análise mais detalhada, que poderá modificar a estimativa do BC. O técnico ressaltou que os reajustes concedidos pela Aneel às empresas de energia elétrica estão dentro da lei e são todos previstos em contrato. Segundo explicou, os reajustes têm ocorrido acima do previsto por causa de fatores como a alta do dólar, que encarece a aquisição de energia elétrica importada. Também pesa sobre as tarifas a alta do petróleo, uma vez que parte da energia elétrica consumida no país é gerada por usinas térmicas. Finalmente, a falta de chuvas está encarecendo a geração de energia hidrelétrica acima do esperado. Os contratos de concessão admitem a incorporação desses fatores no cálculo da tarifa final. "Já sabíamos, desde 2000, que a energia elétrica teria reajustes acima da inflação este ano", disse o técnico. "Agora estamos tentando fazer um cálculo mais apurado." De acordo com a ata do Copom, da meta de inflação proposta para este ano, de 4% medidos pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), metade será responsabilidade dos preços públicos. O BC estimou que, pelo terceiro ano consecutivo, as tarifas terão aumentos superiores à meta, porque carregam "componentes inerciais". O principal deles é a indexação das tarifas ao Índice de Geral de Preços do Mercado (IGP-M), que tem registrado variações acima do IPCA.