Já é possível planejar complicados procedimentos cirúrgicos utilizando modelos que reproduzem com exatidão estruturas do corpo do paciente. A união entre exames precisos, como a ressonância magnética e a tomografia computadorizada, e as impressoras 3D tem permitido que médicos das mais diversas especialidades consigam elaborar um plano que considere especificidades dos pacientes, reduzindo o tempo do procedimento e evitando complicações no período pós-cirúrgico.
Desde 2014, o médico radiologista Bruno Aragão, que é sócio-fundador da 3DUX, trabalha com biomodelos em 3D e planejamento cirúrgico virtual, um mercado que vem crescendo ano após ano. “Os dentistas já têm a cultura de utilizar um protótipo há muitos anos. O que tem aumentado é o público de médicos, principalmente os profissionais da ortopedia, cirurgiões de cabeça e pescoço, cirurgiões plásticos que trabalham com reconstrução facial. A procura dobrou de 2015 para 2016.”
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Aragão diz que o custo da peça ainda é elevado, tendo em vista o uso de materiais importados para a confecção – o preço costuma variar entre R$ 500 e R$ 3 mil, mas os profissionais estão aderindo aos biomodelos pelo fato de o uso deles não se esgotar após a etapa de planejamento. “Nossos clientes ficam com as peças e utilizam como material didático, porque eles conseguem se comunicar com mais facilidade com seus pacientes, explicam como vão operar. A relação médico-paciente é muito importante e o paciente quer entender o que vai acontecer com ele, principalmente quando o procedimento é complexo.”
Presidente executivo da BioArchitects, Felipe Marques diz que a economia em material e a redução do tempo de cirurgia são pontos levados em consideração pelos especialistas. “Tivemos um caso de cirurgia de costela em que o apoio do médico no planejamento resultou em uma economia de R$ 25 mil em placas e parafusos e em redução de duas horas no tempo do procedimento.”
Marques explica que o segundo ponto tem um impacto direto para o paciente. “Quando se reduz o número de horas de cirurgia, o paciente fica menos tempo aberto e tem menos riscos de infecções e outras complicações.”
A parte de formação de profissionais também é beneficiada pela tecnologia. “Outra aplicação valiosa é para o treinamento de residentes. Nem sempre eles vão ter acesso a cadáveres com determinadas patologias e o biomodelo pode suprir isso.”
Personalização. O foco na personalização do tratamento é uma tendência na área médica e os biomodelos em 3D estão entre as principais ferramentas para oferecer esse recurso. “A gente parte do princípio de usar tomografia computadorizada e ressonância magnética, pois a imagem é daquele paciente. Conseguimos reconstruir tridimensionalmente o sistema nervoso, vascular e da parte óssea. Isso pode ser aplicado em todas as áreas da medicina”, afirma Elias Hoffmann, responsável e supervisor técnico da empresa Protótipos 3D, que é formado em física médica.
A empresa foi fundada em 2008, unindo profissionais das áreas de processamento de imagens médicas, física médica e informática. Hoffmann acredita que, nos próximos anos, com o barateamento da tecnologia e maior divulgação, ela tem potencial de se tornar uma ferramenta amplamente utilizada, principalmente por profissionais que estão tendo contato com a tecnologia durante a formação acadêmica. “O cenário é bem diferente de cinco anos atrás. O crescimento ainda não é tão significativo quanto em países do primeiro mundo, mas notamos que vem crescendo no cenário de graduação e pós-graduação.”
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