Cenário: Ana ConceiçãoO medo de que a crise soberana da Europa contagie países e instituições financeiras voltou a pesar sobre os mercados de commodities agrícolas ontem, que foram abatidos por pesadas vendas de fundos. Em alguns casos, indicadores negativos reforçaram a fuga do risco. Foi o caso do milho negociado em Chicago. O contrato dezembro desabou 4,40%, para US$ 6,1450 por bushel. Antes da abertura da bolsa, o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos tinha informado que o país vendeu apenas 209 mil toneladas do grão na semana passada, um indicativo do enfraquecimento da demanda internacional e também da concorrência com outras fontes mais baratas, como a Ucrânia. Fatores que também ajudaram a pressionar os mercados agrícolas foram a alta do dólar ante o euro e a baixa de 3,7% nas cotações do petróleo tipo WTI negociado em Nova York. Em algumas bolsas, como a do algodão, nem notícias positivas ajudaram a romper o mau humor dos participantes. Apesar de os EUA terem informado que a China comprou mais de 600 mil fardos da fibra na semana passada, a cotação do produto cedeu 4%, para 96,48 centavos de dólar por libra-peso. Alguns analistas disseram à agência Dow Jones que o país está, possivelmente, recompondo estoques e que todo esse algodão não deve necessariamente ser transformado em produto final. A demanda por tecidos, dizem, está fraca. Este teria sido um dos fatores que derrubaram a cotação do algodão em 56% desde o recorde de 227,27 centavos de dólar por libra-peso alcançado em março deste ano.
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