O diretor de pesquisa para mercados emergentes da BCP Securities, Walter Molano, acredita que os títulos da dívida do Brasil terão um dos melhores desempenho entre os mercados emergentes neste ano. Ele prevê que, com um risco-País ainda acima de 1.200 pontos-base, o Brasil é um dos mercados emergentes com maior potencial de alta nos preços dos papéis de dívida soberana. "À medida em que os investidores fiquem mais confiantes em relação à economia brasileira, deve-se registrar uma realocação nas aplicações dos investidores, saindo dos títulos da dívida do México e migrando para os títulos do Brasil", afirmou Molano, durante teleconferência sobre as perspectivas para a América Latina em 2003. Governo correto Segundo o diretor de pesquisas, o novo governo no Brasil vem fazendo as declarações corretas em termos de política econômica, como a prioridade para a reforma da Previdência Social e também uma postura mais rígida em relação à dívida dos Estados. "Além disso, o novo governo ter estabelecido uma ótima relação com Washington. A perspectiva para a economia brasileira melhorou dramaticamente", disse. Ele disse que o desempenho da balança comercial brasileira tem sido impressionante, o que ajudará no ajuste das contas do País. Molano prevê que o Brasil atingirá em 2003 uma situação de praticamente equilíbrio nas contas correntes. "O déficit de conta corrente no Brasil poderá cair em 2003 para ao redor de US$ 5 bilhões a US$ 6 bilhões. E o Brasil poderá gerar receitas suficientes com exportações para atender às suas necessidades de financiamentos, isto é, pagamento de juros e não amortizações", afirmou Molano. Cone Sul Ele disse estar confiante em relação às outras economias do Cone Sul, como Argentina e Uruguai, além de estar otimista para o desempenho da Colômbia (onde projeta um crescimento de 4,5% do PIB neste ano) e do Equador. Segundo ele, à exceção da Venezuela que sofrerá as conseqüências econômicas de uma greve mais prolongada do que o previsto, e também do Chile, a América do Sul deverá se beneficiar neste ano da aceleração do crescimento das economias da Ásia, lideradas pela expansão na China. "Após o ciclo de declínio iniciado em 1996, as economias asiáticas vão experimentar uma grande expansão neste ano, o que será muito favorável para os países da América do Sul. Isto porque a Ásia é um grande consumidor de commodities e, com sua expansão econômica, haverá um aumento na demanda por commodities que são produzidas pelos países da América do Sul", disse o economista da BCP Securities. EUA Esse aumento na demanda por commodities vindo da Ásia, favorecendo a América Latina, deverá se contrapor com uma perspectiva mais negativa para a economia norte-americana, na visão de Molano. "Estou pessimista em relação à perspectiva para a economia dos Estados Unidos. Ainda há um grande excesso de capacidade instalada e, portanto, não sei de onde virá o crescimento aqui", afirmou. Nesse contexto, Molano acha que o México será prejudicado, pois promoveu na década passada uma mudança de país produtor de commodities para uma concentração mais em produtos manufaturados. "Com a desaceleração econômica nos Estados Unidos, o México sofre mais, sem contar que não aproveitará tanto quanto os outros países da América do Sul o aumento na demanda por commodities", afirmou.