Tomar crédito online pode sair bem mais barato que em banco

Pesquisa do Guiabolso aponta que consumidor pode economizar em média R$ 200 por mês ao recorrer a fintechs

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Foto do author Anna Carolina Papp

A tecnologia vem mudando a forma como as pessoas lidam com o dinheiro – não só para investir, mas também para tomar emprestado. Segundo pesquisa do aplicativo de educação financeira Guiabolso, com 5,6 milhões de usuários, ao contratar um crédito pessoal online via fintechs, o consumidor pode conseguir uma taxa de juros mensal, em média, três pontos porcentuais abaixo do que as oferecidas nos grandes bancos. Isso significa que uma taxa de 6% ao mês, por exemplo, poderia sair por 3%.

Em levantamento realizado, a pedido do Estado, com uma amostra de usuários do aplicativo, entre os que têm parcelas de empréstimos em bancos, 82% economizariam se tivessem escolhido um empréstimo pessoal online na plataforma, por meio de algum parceiro de crédito digital, como BV Financeira e CBSS.

Com tecnologia, análise de crédito fica mais precisa, diz Gleason Foto: Guiabolso

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Entre os pesquisados, o valor médio dos empréstimos nos bancos era de R$ 7,2 mil, com parcela média mensal de R$ 836. Assim, segundo o Guiabolso, o refinanciamento para um crédito online geraria uma economia de R$ 200 por mês. Em média, a taxa de juros das opções de crédito digital oferecidas no app foi de 3,7% ao mês.

Segundo dados do Banco Central (BC), ao final de janeiro, as taxas médias de empréstimo pessoal sem garantia no BB, Itaú, Santander, Caixa e Bradesco eram de, respectivamente, 3,91%, 4,22%, 4,62%, 4,70% e 5,75% ao mês. Já segundo a pesquisa do Guiabolso, o crédito tomado diretamente com os bancos tradicionais foi mais caro (em média, 6,7%). A explicação para essa diferença é que os dados do BC englobam categorias diversas de clientes, como alta renda e private, que têm acesso a taxas melhores. Em 2018, o juro médio do crédito pessoal foi de 41,7% ao ano, segundo o BC.

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Benjamin Gleason, cofundador do Guiabolso, explica que, além de fintechs terem custos reduzidos por não arcarem com uma estrutura física, elas conseguem oferecer taxas mais baixas devido a um processo mais customizado de análise de crédito, que privilegia bons pagadores.

“Nos bancos, as pessoas mostram apenas parte da vida financeira, mas hoje o consumidor tem conta num banco, cartão de outro e investe por outra corretora – e isso a gente consegue identificar, conectando essas diversas contas”, explica. O Guiabolso, por exemplo, também utiliza dados externos de birôs de crédito, como o SCPC Boa Vista, com quem tem uma parceria.

Avanço das fintechs de crédito

As fintechs de crédito cresceram de forma expressiva nos últimos tempos. Segundo a Associação Brasileira de Crédito Digital (ABCD), o salto vem sendo de 300% ao ano no volume de crédito concedido. A procura por novas alternativas decorre do fato de que, apesar de a Selic ter caído de 14,25% a 6,50% ao ano de 2016 para cá, o impacto no mercado de crédito foi pouco expressivo

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“Historicamente, resolvemos o problema da inflação – mas ainda não o de crédito”, afirma Rafael Pereira, presidente da associação. “Grande parte desse problema tem a ver com a concentração bancária: mais de 80% do crédito está nos cinco grandes bancos. Mas, isso está mudando.” Segundo a associação, hoje existem entre 80 e 100 empresas de crédito online no País.

Ele pontua também que o segmento tem se tornado cada vez mais especializado. “Há fintech de crédito focada em pessoa física, jurídica, em pequena e média empresa, em consignado, com garantia e por aí vai”, diz.

A fintech Alicrédito, por exemplo – focada em crédito pessoal –, vai lançar este mês duas novas linhas: crédito para servidores federais e consignado, com taxa média de 1,7% ao mês. “A questão é que a maioria dos clientes de banco são pagadores de tarifas, mas não tem os serviços adequados”, diz Bruno Reis, presidente da empresa.

Pereira, da ABCD, ressalta, porém, que, na hora de tomar crédito, é importante pesquisar sobre a instituição financeira e dobrar a atenção para evitar fraudes. “O consumidor jamais deve fazer pagamento antecipado para a liberação do crédito – nenhuma empresa pede isso”, diz.

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Procurados pela reportagem, Bradesco, Itaú e BB não comentaram. Caixa e Santander não responderam.