A tragédia do Japão deve elevar as exportações de produtos brasileiros ao país asiático neste ano. Em contrapartida, as importações brasileiras do Japão devem cair, segundo especialistas ouvidos pela Agência Estado. De acordo com eles, a destruição provocada pelo terremoto e tsunami, catástrofe agravada pelo acidente nuclear, devem reduzir o nível de atividade daquele país de forma significativa, a ponto de diminuir as vendas de mercadorias japonesas ao exterior, inclusive para seu maior parceiro sul-americano, que é o Brasil.A corrente comercial equilibrada entre os dois países em 2010 deve ser alterada neste ano a favor do Brasil, que deve ter saldo positivo de US$ 2 bilhões, estima o vice-presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), José Augusto Castro.Entre os produtos que o Brasil exporta para o Japão, o principal é o minério de ferro. Outra mercadoria importante é a carne de frango. Os dois itens foram responsáveis por 53% das vendas do País, em valores, para o mercado nipônico em janeiro deste ano.As importações brasileiras do Japão, por outro lado, estão concentradas em manufaturados, como autopeças, veículos, computadores, componentes eletrônicos e semicondutores. Em 2010, as exportações ao Japão atingiram US$ 7,1 bilhões, enquanto as importações somaram US$ 6,98 bilhões, segundo o economista da MCM Marcos Fantinatti. De acordo com Castro, as exportações devem subir neste ano para US$ 8 bilhões, enquanto as importações devem cair para US$ 6 bilhões.Na avaliação do professor da PUC-SP Antônio Correa de Lacerda, o Japão precisará de alguns meses para reorganizar sua estrutura produtiva na região mais atingida. "A tendência é de que o racionamento de energia diminua a atividade industrial no curto prazo, o que deve diminuir a importação de minério de ferro do Brasil." Segundo ele, quando o processo de reconstrução do Japão estiver em plena atividade, seria oportuno o governo brasileiro enviar uma missão empresarial ao país.
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