Trump anuncia tarifa mínima de 10% nas importações e taxas maiores para 60 parceiros comerciais

Brasil ficou no grupo de países com a taxa mínima; para a União Europeia, a tarifa será de 20%, enquanto a da China será de 34%

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Por Redação
Atualização:

O presidente americano Donald Trump anunciou nesta quarta-feira, 2, suas tarifas mais agressivas desde que assumiu o poder em 20 de janeiro. Em cerimônia na Casa Branca, ele definiu uma taxa mínima de 10% a todos os parceiros comerciais, bem como tarifas “recíprocas” de dois dígitos a 60 outros parceiros comerciais que, segundo autoridades do governo, trataram os Estados Unidos de forma injusta.

Segundo a Casa Branca, a tarifa geral mínima entra em vigor dia 5 de abril e as tarifas individualizadas, em 9 de abril. O Brasil entrou exatamente nessa tarifa mínima de 10%, junto com Alemanha, Arábia Saudita, Argentina, Austrália, Chile, Colômbia, Emirados Árabes Unidos, Iêmen, Irã, Panamá, Paraguai, Reino Unido, Turquia, Ucrânia e Uruguai.

Trump na Casa Branca no anúncio das tarifas globais de importação Foto: Mark Schiefelbein/AP

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Já as tarifas recíprocas para a China serão de 34% (além dos 20% já anunciados anteriormente), enquanto os produtos da União Europeia serão taxados em 20%. Para o Japão, Coreia do Sul e Índia, as sobretaxas serão de 24%, 25% e 26%, respectivamente. Importações da Suíça terão uma tarifa de 31%, enquanto os produtos da Venezuela serão taxados em 15%.

Autoridades da Casa Branca disseram que práticas comerciais perniciosas de outros países levaram a grandes e persistentes déficits comerciais para os Estados Unidos, e que outros produtos, como madeira, cobre, semicondutores, produtos farmacêuticos e minerais essenciais podem enfrentar tarifas adicionais.

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Em um briefing com repórteres, altos funcionários do governo acrescentaram que tinham pouco apetite para pechinchar sobre tarifas mais baixas, mesmo com aliados dos EUA que se ofereceram para reduzir suas próprias taxas sobre exportações americanas nos últimos dias. Eles também emitiram um alerta antecipado para países que ameaçaram impor tarifas retaliatórias contra os Estados Unidos.

Trump descreveu sua abordagem como “gentil”, explicando que o governo cobraria de outros países apenas metade da taxa que eles calcularam que deveria ser aplicada com base nas práticas comerciais desses países. Ele enquadrou suas políticas como uma resposta a uma emergência nacional, dizendo que tarifas eram necessárias para impulsionar a produção doméstica.

“Vamos começar a ser inteligentes e vamos começar a ser muito ricos novamente”, disse Trump.

Trump prometeu durante meses impor tarifas, que o presidente diz que corrigirão anos de comércio “injusto” em que outros países têm “roubado” a América.

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Aumento da inflação

A mais recente iniciativa comercial do presidente, porém, representa uma aposta política que pode lhe causar problemas. Após retornar à Casa Branca em um momento de raiva pública contra a inflação, Trump agora está pedindo aos eleitores que aguentem um novo período de aumento de preços em troca da promessa distante de reconstruir a manufatura doméstica.

Economistas já estão alertando que o aumento de impostos de Trump sobre produtos importados representará um choque em algumas das compras mais importantes dos americanos, incluindo alimentos, carros e casas.

O governo e seus aliados veem a data de hoje como o início de uma campanha épica para reverter mais de três décadas de política econômica mal concebida e inaugurar uma nova “Era de Ouro”.

Acordos de liberalização comercial, como o Acordo de Livre Comércio da América do Norte, de 1994, e a entrada da China no sistema de comércio global em 2001 colocaram a classe trabalhadora em uma “corrida para o fundo do poço”, com trabalhadores de baixos salários no exterior, de acordo com integrantes do governo Trump.

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À medida que as empresas transferiam suas fábricas para o exterior, elas e seus investidores de Wall Street lucravam, enquanto as comunidades operárias do centro do país sofriam.

Ao impor impostos sobre produtos estrangeiros, Trump espera encorajar os fabricantes a moverem suas fábricas no exterior para os Estados Unidos. Os críticos dizem que o protecionismo do presidente ajudará algumas indústrias, enquanto prejudicará outras que dependem de peças estrangeiras para fabricar seus produtos.

À medida que o presidente intensificou seus ataques aos parceiros comerciais dos EUA, a opinião pública se voltou contra ele. Em uma pesquisa Gallup de fevereiro, os americanos, por uma margem de 81% a 14%, chamaram o comércio exterior mais de uma oportunidade econômica do que de uma ameaça.

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Os detalhes mudaram ao longo do tempo, à medida que o presidente oscilava entre sua inclinação inicial de impor tarifas que correspondiam às taxas cobradas por outras nações sobre produtos dos EUA e uma fórmula mais uniforme que lembrava a tarifa “universal” de 10% a 20% que ele apregoou durante a campanha de 2024.

O presidente e seus assessores atribuem o déficit comercial de US$ 1,2 trilhão da nação ao que eles chamam de barreiras comerciais estrangeiras “injustas” , incluindo tarifas altas, impostos internos e requisitos regulatórios. Muitos economistas rotulam essas reclamações como exageradas, dizendo que o déficit decorre de poupanças nacionais insuficientes.

Conflitos

O anúncio é o ápice de semanas de discussões internas entre altos funcionários de Trump, que tentaram resolver vários propósitos conflitantes da agenda tarifária do presidente.

Inicialmente, o Secretário do Tesouro Scott Bessent apresentou o anúncio de 2 de abril como a criação de tarifas “recíprocas”, nas quais os países poderiam negociar para ter suas taxas reduzidas em acordos com a Casa Branca. Mas, na semana passada, Trump perguntou aos assessores por que o governo não poderia impor uma tarifa fixa simples e única a todos os países, talvez tão alta quanto 20%, como informou anteriormente o The Washington Post.

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Ter uma tarifa fixa também foi pensado para fornecer um incentivo para empresas investirem nos Estados Unidos que não seria rescindido posteriormente como parte de um acordo, uma ideia que Trump havia defendido durante sua campanha presidencial de 2024. Durante esta semana, autoridades de Trump buscaram reconciliar seu impulso por uma agenda tarifária “recíproca” com o desejo do presidente por uma tarifa universal, o que poderia trazer centenas de bilhões de receitas para os cofres federais. / The New York Times, The Washington Post e Broadcast