DAVOS - O presidente da Randoncorp, Daniel Raul Randon, afirmou que os juros altos no Brasil devem causar uma “peneira mais fina” nos investimentos no País, que devem se reduzir neste ano. Apesar disso, o grupo que lidera, do setor de equipamentos para transportes, está mantendo o plano, conforme o empresário.
Na semana passada, a Randon anunciou duas aquisições, uma nova nos Estados Unidos, e a conclusão da compra da Dacomsa no México. Juntos, os investimentos somam cerca de R$ 2,3 bilhões.
“Nós estamos mantendo os investimentos”, disse Randon, de Davos, onde está para participar do Fórum Econômico Mundial (WEF, na sigla em inglês). De acordo com ele, o objetivo agora é consolidar as aquisições. “Temos oportunidades de consolidar, buscar sinergias para viabilizar os negócios”, afirmou.

Quanto aos impactos das políticas que serão adotadas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que toma posse nesta segunda-feira, 20, em Washington, Randon disse que não vê impacto “muito negativo” para o Brasil. Mas, segundo ele, é preciso aguardar para avaliar os efeitos das futuras medidas que serão adotadas na sua gestão.
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“Temos de esperar os primeiros dois, três meses da gestão do Trump para sentir se terá algum impacto muito negativo no Brasil. Eu acredito que não”, disse, acrescentando que a prioridade de barreiras comerciais são outros países, como China. “Acho que aí pode até surgir oportunidades no médio e longo prazo para nós”, acrescentou.
Randon disse ainda que, por outro lado, a gestão de Trump deve aumentar o apetite por investimentos nos EUA, a exemplo do movimento que a companhia anunciou na semana passada. O grupo comprou a AXN Heavy Duty LLC, sediada em Louisville, por US$ 12,3 milhões, o equivalente a R$ 74 milhões. E esse investimento pode aumentar. O contrato firmado prevê ainda a aquisição dos estoques da AXN, no valor máximo de US$ 37 milhões, ou cerca de R$ 223 milhões.
Com as aquisições no México e nos EUA, o peso dos negócios internacionais no grupo avançam de 20% para 30%, segundo o empresário. Nesse patamar, já faz sentido cogitar o mercado externo para captar recursos. O problema é o custo, disse. “Assim que os juros caírem mais, pode ser que seja uma oportunidade para a Randoncorp fazer uma emissão fora do Brasil”, concluiu, sem dar uma previsão de quando a companhia poderia estrear no mercado de bônus internacionais.