Brasil e União Européia começaram a discutir medidas para reduzir o impacto das ações de salvaguardas ao aço adotadas pelos europeus. O tema foi discutido durante a reunião de dois dias da Comissão Mista Brasil-União Européia, que se encerrou ontem, mas nenhuma medida concreta foi fechada. O diretor de América Latina da Comissão Européia, o português Francisco da Câmara Gomes, enfatizou que as medidas européias são provisórias e poderão ser revistas em setembro próximo. As salvaguardas, segundo a comissão, foram resultado do "tumulto" gerado pelas medidas protecionistas anunciadas pelos Estados Unidos, que atingiram o Brasil, mas tiveram impacto maior para a União Européia. Segundo o embaixador do Brasil junto à UE, embaixador José Alfredo Graça Lima, pelo fato de a Comissão não ser o fórum adequado para tratar do assunto, nenhuma medida concreta pode ser adiantada . "Esse não é um fórum negociador, procuramos encaminhar soluções para problemas que sejam de interesse comum", resumiu. O chefe do Departamento Econômico do Itamaraty, Waldemar Carneiro Leão, disse que o mercado de aço está profundamente abalado com as medidas protecionistas impostas pelo governo norte-americano. "Todo tumulto foi causado pela adoção de salvaguardas pelos Estados Unidos", afirmou Carneiro Leão. Tanto o Brasil quanto a União Européia encaminharam à Organização Mundial do Comércio (OMC) pedidos de consulta contra as medidas protecionistas dos Estados Unidos. No entanto, o embaixador brasileiro não acredita que no futuro os eventuais pedidos de painel sejam julgados conjuntamente. Segundo ele, as queixas brasileiras não são idênticas às da União Européia, além do fato de o pedido de consulta brasileiro ter sido enviado depois da União Européia. Também não se chegou a decisões sobre outros contenciosos, como o relacionado à exportação de palmito para a Europa e setor textil, que tem salvaguardas européias, e a importação de pneus recauchutados e vinho do Brasil, que também estavam na pauta. Mas, segundo Graça Lima, eles serão discutidos mais detalhadamente no futuro. Acordo O embaixador Graça Lima, afirmou que um acordo fitossanitário entre Brasil e União Européia pode ser concluído antes mesmo de um acordo entre os blocos Mercosul e União Européia. Segundo ele, existe a possibilidade de esse acordo entrar em vigor antes da vigência de um acordo mais amplo que inclua os demais países do Mercosul. Isto porque, segundo Graça Lima, não existe um acordo fitossanitário entre os membros do Mercosul. Dessa forma, os quatro países estão negociando diretamente com a União Européia um acordo fitossanitário que depois poderá ser englobado em um único compromisso entre os dois blocos. Durante a reunião da Comissão Mista Brasil-União Européia foi acertado que as negociações para tal acordo serão retomadas a curto prazo.