Os ataques terroristas aos Estados Unidos, somados à alta do dólar, contribuíram para a derrubada das transações internacionais de brasileiros com cartões de crédito. A queda, em setembro, de operações no exterior registrada pela Credicard, foi de 30% em relação ao mesmo mês do ano anterior. A desvalorização cambial já vinha reduzindo as viagens de brasileiros ao exterior e suas despesas com cartões, segundo a vice-presidente de Marketing da Credicard, Carla Schmitzberger. Essa retração é conseqüência dos riscos que o consumidor se sujeita ao contrair uma dívida no exterior que deve ser paga com cartão de crédito. A cada elevação da cotação do câmbio, o valor a ser pago também aumenta já que o pagamento deve ser feito do dia do vencimento da fatura do cartão de crédito. Ou seja, o consumidor assume o risco de pagar valores maiores que os do dia da compra. Além disso, não é possível parcelar ou quitar parcialmente a dívida como é permitido com gastos feitos em reais, em que se pode utilizar do crédito rotativo - porcentual mínimo de pagamento e o restante da dívida pode ser parcelada. Passada a data limite de quitação do débito, será considerado pagamento em atraso, em que os juros são maiores do que os cobrados pelo rotativo. Perspectivas A participação das transações com cartões emitidos no Brasil e utilizados no exterior deve cair de 4,5% em 2000 para 3,3% em 2001. No ano passado, os gastos de brasileiros no exterior foram de R$ 2,2 bilhões. A expectativa é de que este ano essas despesas somem R$ 1,9 bilhão, o que deve representar queda de 12% em relação a 2000. Em compensação, os gastos com cartões de estrangeiros que vêm ao Brasil devem crescer 38%, passando de R$ 1,4 bilhão em 2000 para R$ 1,9 bilhão. Com esse resultado, pela primeira vez desde o Plano Real, os gastos de estrangeiros no País devem ser equivalentes aos de brasileiros no exterior.