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Jornalista e comentarista de economia

Opinião|Vento, sol e hidrogênio verde

Para se destacar na produção de hidrogênio verde, o Brasil precisa aumentar sua capacidade instalada de geração de energia limpa e renovável

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Atualização:

O Senado acaba de aprovar projeto de lei que regulamenta a instalação de parques de energia eólica e solar em mar aberto (offshore). A matéria segue para exame na Câmara dos Deputados. Se aprovada, será decisão que abrirá caminho para produzir quantidades colossais de energia limpa.

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Há milênios a humanidade sonha com armazenar os ventos. Na Odisséia, Homero conta que, nas suas peripécias de retorno da Guerra de Troia, Ulisses recebeu de Éolo ventos favoráveis guardados num odre de couro. Eram para ser usados com muito cuidado. Mas, enquanto Ulisses dormia, seus marinheiros abriram o odre, porque desconfiavam de que contivesse ouro. E aconteceu a tempestade perfeita.

Até recentemente, tanto a energia de fonte eólica como a solar tinham de ser utilizadas imediatamente, porque não havia como armazená-las. Boa sacada é o uso dessas energias para produzir hidrogênio por eletrólise, processo que consiste em passar uma corrente elétrica pela água para decompô-la em hidrogênio e oxigênio.

Esse hidrogênio, considerado verde por conta das fontes limpas utilizadas no processo, pode, sim, ser armazenado, mas com os cuidados devidos, porque é altamente inflamável.

Visto como o combustível do futuro, que será responsável por ajudar a neutralizar as emissões, principalmente de setores industriais altamente intensivos em carbono, o hidrogênio verde ainda enfrenta grandes desafios a serem superados até se firmar como commodity energética.

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Este é um mercado promissor para o Brasil, que pode gerar até US$ 20 bilhões em negócios em 2040, como mostra estudo da McKinsey. Desses, até US$ 6 bilhões por ano seriam obtidos apenas com exportações para os Estados Unidos e a Europa.

Estimativas também da McKinsey apontam que, para o Brasil desenvolver a cadeia de hidrogênio verde, precisaria de US$ 200 bilhões em investimentos e um adicional de 180 gigawatts (GW) de capacidade instalada de energia limpa (equivalente a 13 usinas de Itaipu) para se firmar definitivamente. Ou seja, precisaria dobrar a capacidade instalada total de geração de energia elétrica, que hoje é de 184,4 GW, mas com o acréscimo de mais energia elétrica de fontes renováveis. Embora o País esteja avançando nessa direção, para tornar a produção viável, os números demonstram que será preciso mais.

Entre esse mais está a criação de marcos regulatórios, que tragam segurança jurídica para destravar investimentos e pesquisas, de modo a assegurar essa vantagem competitiva na geração de energia limpa em relação a outros países para a produção de hidrogênio verde. É o que explica Davi Bomtempo, gerente-executivo de meio ambiente sustentabilidade da Confederação Nacional da Indústria (CNI). A decisão do Senado é passo importante nessa direção. /COM PABLO SANTANA

Opinião por Celso Ming

Comentarista de Economia

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