Eduardo Perillo * e Maria Amorim ** Demanda agregada, swap, custo marginal, cash-flow, responsabilidade social, turn-over, ativo circulante, Balanced Scorecard, período de pay-back, gestão da informação, business intelligence, marketing de serviços, ética, alavancagem, coaching, Seis Sigma, taxa interna de retorno, EBITDA, avaliação 360.º, análise SWOT, disease management, gerenciamento do risco, EVA, custo ABC, necessidades de capital, transparência. Isso tudo faz sentido para você? Se você é um profissional da área da saúde, deveria fazer. Para enfrentar os crescentes desafios de manter-se atualizado tecnicamente e também dar conta da gestão eficiente de suas atividades, sem perder de vista a complexidade social, são necessárias novas competências, não aprendidas na graduação ou em cursos de cunho apenas técnico. Seja no consultório, na direção de clínicas, laboratórios, planos de saúde, hospitais ou mesmo na indústria, são conhecimentos que fazem a diferença na hora de tomar decisões que envolvem recursos sempre escassos e pressões constantes. O mercado de serviços de atenção à saúde já tem hoje no Brasil um peso bastante significativo, em torno de 8,3% do PIB, e certamente irá crescer ainda mais. Uma das razões para isso é que a população está envelhecendo e irá necessitar cada vez mais desses serviços; por outro lado, na medida em que a renda média melhora, aumentam as despesas com gastos pessoais, inclusive com a saúde. São boas notícias para quem já trabalha no setor ou nele pretende ingressar, pois há uma demanda crescente por profissionais especializados em economia e gestão. Durante décadas, pouca coisa mudou no modelo de prestação dos serviços de saúde, mas as transformações em curso impõem uma nova lógica de trabalho, não só a atualização das práticas vigentes. A economia brasileira precisou tornar-se mais eficiente para competir internacionalmente, exigindo das organizações mais efetividade enquanto condição de sobrevivência. Na cadeia produtiva da saúde, as organizações estão crescentemente subordinadas às exigências do mercado: racionalidade e controle de processos, planejamento e apresentação de resultados operacionais. O consumidor, cada vez mais bem informado, exige qualidade, preço e respeito aos seus direitos. A sociedade civil organizou-se e surgiram numerosas ONGs, reforçando os conceitos de transparência, cidadania e responsabilidade social para as empresas do setor. As agências reguladoras governamentais, o fim das indiscriminadas isenções fiscais e tributárias e a abertura do mercado trouxeram novos desafios econômicos e de gestão. O custo final dos procedimentos tornou-se objeto de atenção e preocupação de todos os profissionais atuantes, e questão vital para as organizações. Na área pública, não é menor a pressão por mudanças e eficiência; é preciso saber fazer muito mais e conciliar uma maior demanda por serviços de qualidade com restrições de orçamento, dentro de uma política de humanização. Tarefa impossível sem conhecer modernas práticas de gestão, dando maior racionalidade ao sistema, aumentando o acesso aos serviços e mantendo valores éticos e de cidadania. No mundo todo, transformações tecnológicas, econômicas, sociais e políticas acontecem sem cessar e com intervalos de acomodação cada vez mais curtos. Na saúde não será diferente; as mudanças vieram para ficar, e tendem a se acentuar ainda mais nos próximos anos. Assim, não basta investir em tecnologia: são necessários uma ampla revisão dos processos de gestão e um entendimento dos mecanismos da economia e do tecido social em que vivemos, para não continuar fazendo o de sempre, cometendo os mesmos erros, só que mais rápido e em maior quantidade. Já existem no Brasil cursos de MBA que propiciam a melhora da capacidade de decisão dos profissionais da área, ampliando sua percepção local da dinâmica econômico-social dos sistemas de saúde, enquanto os instrumentaliza para o manejo adequado dos seus aspectos microeconômicos, das ferramentas de planejamento e controle dos processos organizacionais e de gestão do capital humano, capacitando-os ainda a identificar e solucionar os problemas organizacionais, bem como a atingir objetivos financeiros, melhorando a qualidade do atendimento sem esquecer de aspectos éticos e relativos aos direitos da cidadania. * Coordenador técnico do MBA em Economia e Gestão das Organizações de Saúde da Cogeae/PUC-SP ** Coordenadora acadêmica do MBA em Economia e Gestão das Organizações de Saúde da Cogeae/PUC-SP